Na semana do dia 22 de abril, a Organização Internacional Nova Acrópole mobiliza todas as escolas do Brasil e do mundo em prol dessa temática, divulgando a importância de a humanidade integrar-se à natureza e, com isso, convida todos a iniciar pequenas mudanças no dia a dia. São reflexões propostas pela filósofa e profª voluntária de Nova Acrópole, Lúcia Helena Galvão, em alusão ao Dia Mundial da Terra.
“Criar um sistema de vida no planeta que garanta à humanidade a sua presença e sobrevivência por um longo período; pensar não somente no tempo da nossa existência individual, mas dos demais que virão após são princípios de sustentabilidade que advêm da idéia de que o uso de recursos naturais para as nossas necessidades no presente não devem comprometer as necessidades do futuro. “Saber usar de forma inteligente e respeitosa os recursos naturais da terra é também uma postura filosófica”, afirma a filósofa e professora voluntária de Nova Acrópole, Lúcia Helena Galvão. O conceito de sustentabilidade passa pela reflexão sobre quem somos e por que existimos. “Precisamos pensar grande no tempo e no espaço: como se comprometer com o futuro quando nós temos uma projeção egoísta de tempo? Sempre que existe algo que venha ameaçar a humanidade, logo pensamos em nós mesmos e nos nossos e em como nos ‘salvar’. Não temos um pensamento abrangente do todo”, explica a filósofa.
No próximo dia 22 de abril, o mundo celebra o Dia Mundial da Terra, data que nasceu em 1970 nos Estados Unidos, a partir de uma mobilização em favor da Ecologia e que foi reconhecida pela ONU em 2009, de qual a Organização Internacional Nova Acrópole é um órgão consultivo. As discussões de que meio ambiente e desenvolvimento econômico precisam andar juntos tomaram corpo na ECO de 1992, ocorrida no Rio Janeiro, onde identificou-se três aspectos a serem considerados para a concretização da proposta de sustentabilidade: o Social, que versa a respeito das condições básicas de sobrevivência para o desenvolvimento humano entre elas água potável, saneamento básico, alimentação, saúde e segurança; o Energético, recurso que vem da natureza e que garante o funcionamento da economia; e o Ambiental, do qual todos os anteriores dependem, uma vez que sendo ele degradado, todo o resto fica inviabilizado.
Nesse contexto, Lúcia Helena propõe a preservação da legítima condição humana com dignidade, valores e sabedoria, uma vez que “assim aprenderão a respeitar e preservar as demais coisas que vivem e habitam conosco”; construção do ser humano visando a ampliação de consciência; e a preservação do futuro. “A vitória da natureza, dos recursos naturais dependem da vitória dos recursos humanos mais profundos, da vitória sobre nós mesmos”, ressalta a professora.
“Não houve mudança significativa no entendimento dos determinantes do progresso, da prosperidade ou do desenvolvimento. Continuam a ser vistos como resultado direto do desempenho econômico”, afirma a professora Lucia Helena Galvão citando o pensamento do economista indiano Amartya Sem, prêmio Nobel de economia de 1998. Ele avalia que as sociedades ainda consideram a proteção à economia como prosperidade a qualquer preço acreditando que êxito e sucesso sejam sinônimos de ganhar dinheiro, “mesmo que isso se torne inviável e desconsidere a própria sobrevivência”. Mas por que isso acontece? A professora de Nova Acrópole explica que atitudes enraizadas na humanidade dificultam a assimilação das ideias de sustentabilidade e sua implantação e, por isso, deve-se atuar nas causas, ou seja, na formação do homem como ser humano, aliando filosofia à sustentabilidade. “Há que se começar pelas causas se quisermos ser eficazes em qualquer campo”, afirma.
Nesse sentido, ela lembra que as causas estão em nós mesmos. “Existe uma máxima filosófica que diz que somente o tolo acredita que as causas dos problemas físicos e mazelas físicas vêm do plano físico. As causas da miséria física sempre vieram e sempre virão da miséria psicológica, moral e espiritual do homem. É preciso nos perguntar: onde a sustentabilidade começa? Por que não se torna eficaz? Como atuar nas causas começando por nós mesmos?”, completa a filósofa. A falta de conexão com o universo e que mantém o foco apenas nos interesses pessoais já era apontado pela tradição tibetana, a chamada a heresia da separatividade, como a raiz de todos os males do mundo, segundo Lúcia Helena Galvão. A filósofa lista ainda algumas medidas que podem ajudar a uma mudança de postura a partir da mudança de mentalidade. Segue:
Elementos fundamentais da sustentabilidade para mudança de mentalidade:
– Foco egoísta: transmitir a ideia de que as coisas merecem respeito pelo que são em si, assim como nós seres humanos. Não apenas pelo que podem vir a nos servir;
– Último modelo: aproveitamento das coisas e não optar pelo novo como forma de status e afirmação. Hábito que foi implantado para impulsionar o consumo;
– Consumo excessivo: podemos reduzir o padrão de consumo. Inclusive esse padrão é suicida pois se todos conseguissem realizar a ideia padrão de consumo, o planeta não conseguiria atender;
– Necessidades externas: buscar internamente o que de forma equivocada buscamos no externo. Reduzir nosso lado predador;
– Homem como meio: o homem não deve ser o fim em si, mas um instrumento para harmonizar todo o entorno;
– Educação acumuladora: muitos títulos e anos de estudo acumulados, mas que não se transforma em sabedoria. Apenas um acúmulo de informação que não resolvem em muitos casos as situações cotidianas;
– Ser servido/Servir: mentalidade de somente querer que nos sirvam (toda natureza, seres humanos), mas saber servir aos demais, entendendo que temos a mesma importância nesse sistema, cada um com seu papel.
Sobre Nova Acrópole
Nova Acrópole é uma organização internacional de caráter filosófico, cultural e voluntário que atua há mais de 60 anos na promoção do estudo da filosofia de maneira aplicada, buscando fazer com que os ensinamentos e experiências que deram sustentação às grandes civilizações sirvam de base para reflexões e ações que possam contribuir na construção de uma sociedade melhor.”