Dados do Sistema de Informações em Saúde para a Atenção Básica (Sisab) de 2023 apontam que foram realizados quase 30 milhões de atendimentos por conta do Diabetes Mellitus (DM) nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de todo o país, sendo 65% do sexo feminino e 35% masculino. Para promover a conscientização sobre os riscos da doença, o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituíram o Dia Nacional do Diabetes, lembrado nesta quarta-feira (26).
O diabetes é causado pela baixa produção ou má absorção de insulina, hormônio que garante a energia para o organismo e regula a glicose no sangue. Sua classificação é dividida em tipos 1 e 2. O primeiro ocorre, geralmente, na infância ou adolescência, em consequência da destruição das células que produzem a insulina. Já o segundo refere-se à resistência à insulina e atinge principalmente adultos acima do peso ou com histórico familiar de DM tipo 2. Outros tipos de diabetes podem surgir durante a gestação ou por defeitos genéticos.
Essa doença é influenciada por fatores de risco comuns das principais Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como tabagismo, obesidade, alimentação não saudável, consumo excessivo de álcool e inatividade física. Estes podem ser modificados pelas mudanças de comportamento ou por ações governamentais que regulamentem e reduzam, por exemplo, a comercialização, o consumo e a exposição de produtos danosos à saúde.
O Sisab também registra que um contingente de 17 milhões de pessoas que passaram pela atenção primária do SUS em 2023 convivem com o diabetes, o equivalente a 9,4% dos usuários. No último balanço do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), em 2022, foram registrados 78,8 mil óbitos pela doença.
De 2022 para cá, mais de 36 milhões de pessoas receberam atendimento ambulatorial pelo SUS, enquanto 281,7 mil foram atendidas no âmbito hospitalar. Mais de 100 tipos de exames e procedimentos estão disponíveis na rede pública de saúde, segundo o Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP).
Para Gilmara Santos, diretora do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde (Deppros), esses dados demonstram que as UBSs são a porta de entrada para o sistema de saúde. “A Atenção Primária orienta o cuidado das pessoas com diabetes, uma vez que está no território próximo aos locais onde as pessoas vivem, trabalham e estabelecem vínculos. Além disso, são desenvolvidas ações de prevenção e promoção à saúde”, declarou.
Assistência
Em fevereiro deste ano, foi atualizado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que é voltado para o cuidado clínico-assistencial de pessoas com o diabetes tipo 2. Segundo o PCDT, a recomendação é realizar um rastreamento em todos os adultos com 45 anos ou mais, mesmo assintomáticos. Também é necessário acompanhar as pessoas com sobrepeso e fatores de risco adicionais, como inatividade física, histórico familiar de diabetes, hipertensão arterial sistêmica, doença cardiovascular, entre outros.
Além disso, o Ministério da Saúde dispõe de uma Linha de Cuidados para o DM2, com o objetivo de apoiar e orientar gestores e profissionais da saúde, com informações do fluxo de encaminhamento, manejo inicial e tratamento na Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Já a última atualização do PCDT do tipo 1 foi em maio de 2023, quando foi incluída a indicação da medição de glicemia capilar apenas na presença de sintomas de insulinopenia inequívocos, como aumento de urinação, sede, fome e perda de peso inexplicada.
Tratamento
O SUS oferta diversos tipos de medicamentos para o tratamento do diabetes. O paciente pode acessar tanto nas UBSs, quanto pelo Programa Farmácia Popular, de forma gratuita. Para retirar o remédio, é necessário apresentar o CPF, documento original com foto e receita médica – da rede pública ou privada, com emissão de até 180 dias.
Todos os medicamentos disponibilizados fazem parte dos componentes básico e especializado da Assistência Farmacêutica, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics).
No diabetes tipo 1, os principais sintomas são: vontade de urinar, fome e sede frequentes, perda de peso, fraqueza, fadiga, nervosismo, instabilidade de humor, náusea e vômito. No tipo 2, é possível observar infecções frequentes, visão embaçada, dificuldade na cicatrização de feridas, formigamento nos pés e furúnculos.
Investimentos
Em abril deste ano, o governo federal inaugurou a fábrica de insulina da Biomm, no município de Nova Lima, em Minas Gerais. Após 23 anos, a cerimônia marcou a retomada da produção de insulina por uma empresa nacional, com capacidade de atender mais de 1,9 milhão de pacientes.
Foram investidos R$ 800 milhões na construção da fábrica, que vai produzir até 20 milhões de unidades de ampolas de insulina glargina por ano e, na sequência, canetas de insulina. Além disso, pode fabricar 20 milhões de frascos de outros biomedicamentos.