“Duna” da vida real: novo traje espacial transforma urina em água potável

Você já parou para pensar como os astronautas vão ao banheiro quando estão usando seus trajes espaciais? Durante caminhadas e coleta de materiais fora das naves, que podem durar horas, a vestimenta garante oxigênio e proteção contra as baixas temperaturas. Porém, da mesma forma que nada penetra a roupa, nada sai – inclusive a urina.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Cornell (EUA) criaram uma calça especial que funciona acoplada a um purificador de urina. Com o formato de uma mochila de 8 kg, o equipamento absorve a água eliminada, purifica o líquido e o transporta a um galão de água potável. Assim, astronautas têm a opção de beber o próprio xixi (ou melhor, uma versão purificada dele) durante suas caminhadas espaciais.

Desde 1970, os trajes espaciais contam com o chamado “Vestuário de Máxima Absorção” (MAG), uma fralda altamente absorvente, que pode reter cerca de dois litros de urina. O material é conhecido por ser desconfortável, anti-higiênico e ineficiente. É comum, por exemplo, que os MAGs vazem, podendo levar a infecções urinárias, especialmente em mulheres.

Além disso, ao contrário dos resíduos a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS), a água na urina das caminhadas espaciais não é reciclada. No contexto de missões espaciais mais complexas, como as explorações em Marte, reverter esse desperdício pode ser essencial para o bem-estar dos astronautas.

A equipe da Universidade Cornell que projetou o possível substituto dos MAGs batizou o equipamento “Dispositivo de Coleta de Urina” (UCD). A tecnologia foi inspirada pelos “stillsuits” da ficção científica “Duna” (1965), de Frank Herbert. No romance, que foi adaptado para as telonas e é sucesso de bilheteria (e ganhou sequências recentes), os trajes são capazes de reciclar tanto a urina quanto o suor dos personagens.

Um protótipo da tecnologia que traz a fantasia à vida real já está sendo desenvolvido. Um artigo que descreve o projeto foi publicado nesta sexta-feira (12) na revista Frontiers in Space Technology.

Fonte: Revista Galileu