Editora da UFRN lança edição impressa de livro de Newton Navarro

“O chão era de terra vermelha, varrido do vento. Vez por outra, – um Nordeste mais brando, passageiro – vento maluco, brincalhão, levantando a poeira, fazia redemoinhos, trazendo um cheirinho de chuva. Mas, que nada! Molha não molha”. A descrição do interior sertanejo no comecinho do conto “O boi careta” é prova direta da intimidade de Newton Navarro com o ambiente onde viveu seu eu lírico. Conhecido pelas artes plásticas, Navarro – que para os desavisados é apenas o nome de uma ponte – sabia traduzir como poucos as intimidades do Nordeste, perfeitamente retratado em suas gravuras, mas também na literatura que ele deixou. Um pedacinho desse trabalho volta às cabeceiras através da Editora da UFRN (EDUFRN) que está lançando, nesta quinta-feira, 2, a versão impressa do livro O boi careta e a morte do cavalo baio.

O livro reúne sete contos de Newton Navarro, selecionados a partir de um trabalho dos escritores Paulo de Tarso Correa de Melo e Gustavo Sobral. De acordo com Paulo de Tarso, os textos foram apresentados a ele por Jurandyr Navarro, primo de Newton. Os documentos estavam reunidos em pasta plástica em que figurava a representação de um desenho de Navarro utilizado pela UFRN em evento datado entre 12 e 17 de julho de 1998. “De acordo com Jurandyr, o material havia chegado em suas mãos através de Salete Navarro, esposa de Newton”, conta Paulo. 

De acordo com Helton Rubiano, diretor adjunto da EDUFRN, o lançamento do livro O boi careta e a morte do cavalo baio representa mais uma ação alusiva aos 60 anos da Editora. “A versão impressa, cinco anos depois da versão digital, simboliza, ainda, a atenção da EDUFRN sobre o público, cuja preferência é o suporte papel. A escolha de Newton Navarro para esse investimento decorre da importância do seu nome no cenário artístico-cultural do estado”, diz Helton. 

Na apresentação da nova edição do livro, o reitor José Daniel Diniz Melo lembra que a versão digital desta obra está disponível no Repositório Institucional desde 2017. “O livro no formato que ora é entregue ao leitor, revela nossa disposição em homenagear, de um modo que certamente o agradaria, esse ícone das artes plásticas – e também da literatura potiguar – chamado Newton Navarro. E, se assim procedemos, é igualmente para valorizar uma tradição que remonta à própria criação da Instituição, nascida sob a calorosa saudação de Câmara Cascudo, também professor de Direito na universidade nascente. Não chega a ser uma mera coincidência, aliás, que os dois – Navarro e Cascudo – tivessem defendido tão fervorosamente, em suas produções, a noção de pertencimento à terra potiguar”, diz o reitor.

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