Os efeitos do câncer de mama quando ainda não é feita a administração de medicamentos são detalhados em estudo conduzido por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. Por meio de experimentos realizados em animais, foi detectada atrofia do coração, músculos e pulmão causada por aumento do processo de morte celular programada na ausência do medicamento doxorrubicina, usado no tratamento da doença. As descobertas do estudo contribuirão para entender os mecanismos relacionados a evolução do câncer de mama nos pacientes.
O câncer de mama é uma doença cuja incidência e mortalidade aumentaram significativamente nas últimas décadas, apresentando um grande desafio para a medicina. A pesquisa, realizada estudo pelo pós-doutorando Alex Cleber Improta Caria sob a orientação da professora Edilamar Menezes de Oliveira, teve como objetivo investigar efeitos da doença pouco estudados diretamente em seres humanos, uma vez que o tratamento farmacológico geralmente começa logo após o diagnóstico. Por essa razão, o trabalho foi realizado em um modelo animal, permitindo observar os impactos da doença no coração sem a interferência de medicamentos.
Os experimentos foram realizados em camundongos, analisando principalmente as células do tecido cardíaco. Os animais foram divididos em dois grupos. O primeiro se manteve saudável para estabelecer o grupo de controle. Já no segundo grupo, foram inoculadas células tumorais na mama. Após esse tumor crescer e se desenvolver, os pesquisadores observaram os efeitos no coração em comparação aos animais saudáveis. Além disso, foram feitas análise da expressão gênica e, posteriormente, análise da expressão proteica no coração dos camundongos. O estudo mostrou uma atrofia não só do coração, mas também de músculos esqueléticos. O coração com câncer diminuiu em tamanho e em peso, assim como o pulmão e outros músculos das pernas dos animais. De acordo com os pesquisadores, essa atrofia muscular é ocasionada por uma modificação na expressão de proteínas.