O senador da República Jean Paul Prates (PT/RN) vinha evitando se pronunciar sobre as eleições de 2022 desde o dia 2 de fevereiro, quando soltou uma nota oficial criticando a possibilidade do PT fechar aliança com “um candidato que irá nos trair em breve”, diz o trecho final do comunicado.
O parlamentar nem precisou dizer o nome do alvo. Para quem acompanha o cenário político, estava claro que o texto duro era um recado direto para Carlos Eduardo Alves (PDT), derrotado no 2º turno por Fátima Bezerra, na eleição para o Governo do Estado.
Não por acaso, três depois, em entrevista à imprensa local, o ex-prefeito de Natal revelou que estavam adiantadas as conversas com o PT para que fosse ele o candidato ao Senado na aliança. Apesar das costuras e conversas de bastidores confirmadas pelo chefe da Casa Civil Raimundo Alves, ninguém ainda confirmou que a chapa está fechada.
(trecho da entrevista ao jornal Saiba Mais):
A nota que o senhor divulgou há duas semanas criticando uma eventual aliança do PT com Carlos Eduardo para o Senado não foi bem digerida pelo setor majoritário do Partido. Alguns dias depois, inclusive, a Executiva divulgou uma nota oficializando o comando da sucessão à própria governadora. A informação que temos é que essa nota é fruto também daquele seu desabafo. O senhor acredita que exagerou no tom ou mantém aquelas críticas ?
Não tenho conhecimento de que esta nota tenha causado algum mal estar no partido. Essa nota que soltei algumas semanas atrás foi interpretada por alguns setores como um desabafo ou uma reação a uma possível indicação de Carlos Eduardo para concorrer ao Senado numa chapa liderada por Fátima. Na verdade, eu estava sendo muito cobrado pela imprensa a falar sobre o tema e estava com pouco tempo para isso, porque já estava muito envolvido com os projetos dos combustíveis de que já falei aqui. Mas ela não tem nada de extraordinário, e diz exatamente o que se confirmou depois: não há nomes definidos na chapa majoritária, mesmo que alguns setores – e até o próprio Carlos Eduardo – queiram fazer parecer que isso já aconteceu. Em política, quem tenta atropelar a realidade e impor suas opiniões e vontades, normalmente, não se dá muito bem. Após a nota e, deixo claro, não por causa dela, a executiva do PT delegou a Fátima a liderança deste processo e é assim que deve ser.
“Em política, quem tenta atropelar a realidade e impor suas opiniões e vontades, normalmente, não se dá muito bem”.