Em bilaterais, Lula discute cooperação, combate à fome e nova governança global

O assessor especial da Presidência da República, embaixador Celso Amorim, destacou que os encontros bilaterais realizados nesta terça-feira (24/01) pelo presidente a República, Lula Inácio Lula da Silva, revelam o retorno do país ao protagonismo internacional e o fortalecimento da região. “Tivemos quatro importantes bilaterais, a primeira foi com a ministra de Barbados; em seguida, foi com o presidente de Cuba; a terceira foi com o representante do Conselho Europeu; e a quarta foi com o diretor-geral da FAO”, listou, durante conversa com jornalistas. O retorno da aliança Brasil-Caribe, em especial com Barbados, é promissora para a economia do bloco latino-americano, considerou Amorim.

“Barbados manteve a relação com o Brasil e manteve a Embaixada aberta, apesar do desprezo que o Brasil deu à região. Inclusive presidia o grupo latino-americano em Brasília. Falou-se muito da potencialidade entre os dois países, envolvendo cooperação em áreas variadas, principalmente agrícola. Mas também na questão de exploração de petróleo e gás que eles estão começando. Há um interesse da Petrobras, que agora será renovado e reforçado pelo presidente Lula”, contextualizou. País localizado na América Central, Barbados ocupa uma área de 432 km² e conta com mais de 281 mil habitantes.

Além deste intercâmbio comercial, o assessor do presidente Lula afirmou também que o turismo é um dos grandes pilares nesta relação proveitosa. Para o ex-chanceler, a abertura de uma área comum turística poderá ocorrer, em especial, entre o Caribe e a região amazônica. Além das discussões econômicas, Brasil e Barbados preveem uma cooperação ambiental para preservação do clima — com importante apoio do Caribe — em relação a liderança brasileira nas ações em proteção ao meio ambiente.

“Falou-se muito da questão da mudança climática, da importância que, ela obviamente apoia o Brasil para fazer a próxima conferência no Brasil, em Belém, mas que quer fazer uma pré-COP, que é importante aos interesses de todos esses pequenos países”, disse Celso Amorim.

CUBA — As relações diplomáticas e econômicas entre Brasil e Cuba serão restauradas, afirmou o ex-chanceler. Neste sentido, o governo Lula não apoiará o isolamento comercial ao qual Cuba foi submetido pelos Estados Unidos. “Cuba é sobretudo uma retomada que significa normalização”, descreveu Amorim, acrescentando que “o Brasil quer ter relações normais com Cuba, como teve. Voltar a votação normal nas Nações Unidas. Continuar com sempre tivemos historicamente em todos os governos — governo Collor, Fernando Henrique — condenar o bloqueio, que o Brasil deixou de condenar nestes anos de governo Bolsonaro e que é uma coisa absurda. Pois isso interessa muito à Cuba, mas interessa também ao mundo”, afirmou o diplomata.

Já nos acordos de cooperação entre as duas nações, Amorim ressalta a relevância da medicina cubana. “Falou-se muito na cooperação bilateral, sobretudo na área da saúde: vacinas são muito importantes e já tiveram trabalhos no passado entre Fiocruz e as instituições cubanas, que são muito desenvolvidas nessa área. Como vocês sabem, fizeram sua própria vacina para enfrentar a pandemia. Com o comércio, voltar a relações normais como em todo país”.

CONSELHO EUROPEU E FAO — Os dois últimos encontros do presidente Lula foram com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu. Com Michel, o presidente Lula tratou de temas como a liderança e a autonomia dos órgãos extragovernamentais. “O presidente Lula mais uma vez enfatizou a importância de ter mudança na governança global que torne os órgãos multilaterais capazes de tomar decisões que sejam respeitadas. Para isso, que seja uma organização ou órgãos que tenham legitimidade. Ele frisou bastante a palavra legitimidade e Charles Michel não descordou”, afirmou Amorim.

Já com o representante da FAO, foram priorizadas as ações de combate à insegurança alimentar no Brasil e demais países com grandes índices de fome. “Foi um encontro muito positivo, até por afinidades. Ficamos sabendo que o diretor da FAO veio de origem de pequenos camponeses e falou muito da importância da agricultura familiar, inclusive no combate à fome. E o presidente Lula, como vocês sabem, tem a grande prioridade de acabar com a fome não só no Brasil, mas ajudar a acabar com a fome no resto do mundo e a FAO é fundamental para isso”, concluiu.