Estava tudo confirmado: os quatro candidatos à prefeitura de Natal, por meio de suas assessorias, haviam assegurado suas presenças no primeiro debate realizado pela Band RN na última quinta-feira, dia 09. No entanto, poucas horas antes do início do evento, após a divulgação de que o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD) teria sido visto em Fortaleza, hospedado em um hotel de luxo, sua assessoria enviou uma breve nota informando que ele não iria mais comparecer ao debate devido a compromissos partidários agendados pela direção nacional do PSD na capital cearense. O comunicado foi enviado às 20h20, com o debate marcado para iniciar às 22h15.
E aqui começam as perguntas: por que desmarcar tão em cima da hora? Será que ele realmente não sabia desse compromisso antes de confirmar sua presença no debate?
A ausência de Carlos Eduardo, líder nas pesquisas de intenção de voto, pegou todos de surpresa – organizadores, telespectadores e, claro, seus adversários. A candidata Natalia Bonavides (PT) chegou a gravar um vídeo antes do início do debate, mostrando a sala reservada para Alves completamente vazia. Paulinho Freire (União Brasil), em sua primeira participação, disparou: “É muito feio candidato fugir”, e sugeriu que a Band realizasse um novo debate, desta vez com a presença do ex-prefeito. Para Rafael Motta (Avante), a ausência demonstrou falta de compromisso, aproveitando para comentar os pedidos dos auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN) e do Ministério Público para que o TCE reprove as contas do ex-prefeito, além de criticar sua gestão, que “não trouxe as mudanças necessárias para Natal”.
Nas redes sociais e no chat do debate, a ausência de Alves virou motivo de questionamentos, piadas e memes:
Mas voltemos à ausência do ex-prefeito de Natal. A dúvida que paira é se ele faltou ao debate por medo de ser confrontado – afinal, seria o alvo principal dos opositores por estar bem à frente nas pesquisas de intenção de voto – ou se foi uma estratégia calculada. Como alvo preferencial, ele tem mais a perder em debates. Há, ainda, uma clara tendência de queda para quem está na liderança e crescimento para os candidatos que disputam a segunda colocação, Paulinho e Natália.
Agora, resta saber se a estratégia de evitar debates será mantida por Carlos Eduardo e se ela será capaz de conter o crescimento dos adversários no início da campanha eleitoral. Afinal, o ex-prefeito terá menos tempo de TV do que seus opositores, resultado de um isolamento político no qual até o vice teve que ser alguém de sua própria legenda por falta de opções. Vale lembrar que esse processo de isolamento de Carlos Eduardo vem desde a perda de seu pai, Agnelo Alves, sempre um excelente articulador político e mentor de Carlos. Sua ausência já trouxe reflexos na última eleição, quando o ex-prefeito, com toda a estrutura governista ao seu dispor, conseguiu perder a vaga no Senado para Rogério Marinho.
Há quem aposte que Carlos Eduardo Alves não irá nem para o segundo turno. Com o Dia dos Pais se aproximando, a maior ausência não será a dele nesse debate da Band RN, mas sim a de um pai e seu melhor mentor político que poderia salvá-lo de um possível novo fracasso.
