Marte é possivelmente o planeta mais presente no imaginário popular quando se fala de vida em outras partes do Sistema Solar, sendo os seus supostos habitantes quase o sinônimo de civilização extraterrestre. Há, inclusive, quem anseie, deseje ou até tema uma invasão marciana. No entanto, o caminho inverso é que vem se tornando cada vez mais alvo de estudos com vistas à ocupação humana do Planeta Vermelho.
Mas, por ora, ainda não é o tipo de lugar para se criar os filhos. “Marte não é tão simples de ser colonizado por humanos”, afirma a pesquisadora de iniciação científica Gisllayne Silvestre. A estudante de Geografia da UFRN é autora do artigo Introdução aos aspectos geológicos do planeta Marte: implicações para a possibilidade de colonização humana, publicado no periódico Cadernos de Astronomia, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Para chegar a essa conclusão, a pesquisadora levou em consideração dados pré-existentes na literatura nacional e internacional, analisando e comparando as características da Terra e de Marte. Com base em aspectos como campo magnético, existência de água, composição do solo e tempestades de poeira, o estudo aponta os desafios de uma vida com os padrões terráqueos no planeta vizinho.
“Apesar de analisarmos os seus parâmetros fundamentais, como composição, presença de água, processo erosivo e até mesmo seu campo magnético, estes, quando em comparação com a Terra, não são suficientes para a possível sobrevivência de seres humanos em Marte”, afirma o artigo. Gisllayne, porém, acredita em um cenário diferente para as próximas décadas.
“Com as tecnologias atuais, há uma possibilidade muito baixa, mas, com o avanço tecnológico, é provável que isso aconteça em um futuro não muito distante”, vislumbra a jovem pesquisadora, cuja principal expectativa de avanço nesse sentido está na criação de uma magnetosfera artificial, fundamental para fatores como o controle das tempestades de poeira e a existência de água em estado líquido.
Enquanto o dia de construir assentamentos humanos e se mudar para Marte não chega, Gisllayne Silvestre ressalta a importância dos conhecimentos acerca do Planeta Vermelho. “São imprescindíveis para sabermos como poderá ser o futuro da Terra, já que, ao compararmos os dois, podem ser observados registros geológicos que indiquem a atuação de fenômenos e processos similares”, explica.
Técnica em Geologia formada pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a futura geógrafa planeja os próximos passos da pesquisa. “Gostaria de analisar informações coletadas pelas sondas que estão em Marte e as que forem enviadas posteriormente. Um ponto intrigante é sobre a possibilidade de vida microbiana, se existiu, existe ou pode existir em um mundo tão sombrio”, revela.