Estudo aponta evidência de rearranjo genético do vírus influenza A (H2) em aves brasileiras

Os vírus da influenza A do subtipo H2 podem representar uma ameaça significativa à saúde animal e humana devido à falta de imunidade prévia das populações. Agora, um estudo recente conduzido por uma equipe de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP lança luz sobre o potencial rearranjo desses vírus em aves limícolas brasileiras, levantando preocupações sobre o surgimento de novas cepas com potencial pandêmico.

O estudo, intitulado Evidência de rearranjo de vírus da gripe aviária (H2) em aves limícolas brasileiras, investiga as sequências genômicas de dois vírus da gripe isolados de maçaricos-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis) capturados na natureza. Essas descobertas, publicadas em uma edição recente da revista científica PlosOne, revelam insights intrigantes sobre a diversidade genética e a distribuição geográfica dos subtipos H2 na região.

Um dos vírus, identificado como A(H2N1), foi descoberto em uma ave saudável capturada no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (PNRJ), localizado no Estado do Rio de Janeiro. O segundo vírus, identificado como A(H2N2), foi isolado de uma ave também saudável capturada no Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP), situado no Rio Grande do Sul.

Luciano Thomazelli, virologista do Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do ICB e primeiro autor do estudo, explica: “Essas descobertas destacam a importância dos esforços de vigilância na compreensão da dinâmica dos vírus da gripe aviária na América do Sul, particularmente em regiões como o Brasil, onde as informações são escassas. Vigilância essa que já fazemos há mais de 20 anos aqui no Laboratório de Virologia, chefiado pelo professor Edison Luiz Durigon”, acrescentou.

O sequenciamento genômico e a análise filogenética dos vírus isolados revelaram subtipos distintos, com o vírus A(H2N1) apresentando uma relação mais próxima com cepas norte-americanas, enquanto o vírus A(H2N2) exibiu uma origem mais diversa, com sequências genéticas semelhantes a cepas provenientes da América do Norte, América do Sul e da Islândia.

Notavelmente, o estudo identificou evidências de rearranjo local dentro de um dos vírus, indicando o potencial de mistura genética entre linhagens de vírus da gripe aviária das Américas do Norte e do Sul. Este fenômeno, observado no extremo Sul do Brasil, poderia contribuir significativamente para a diversidade geral dos vírus influenza que circulam na região.

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/estudo-aponta-evidencia-de-rearranjo-genetico-do-virus-influenza-a-h2-em-aves-brasileiras/

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