Os Estados Unidos registraram um fluxo recorde de migrantes na fronteira com o México nesta semana, em meio ao fim do chamado Título 42, uma regra imposta pelo governo americano no início da pandemia que tornou praticamente impossível pedir asilo no país. A medida da gestão Donald Trump permitia a deportação rápida de migrantes que cruzassem a fronteira ilegalmente, sem nem sequer analisar eventuais pedidos de asilo. A política federal, imposta como medida de saúde pública em meio à crise da covid-19, expirou às 23h59 desta quinta-feira (11/05).
A expectativa por seu fim – e o temor pela imposição de novas medidas migratórias ainda mais restritivas – fez com que as travessias ilegais na fronteira EUA-México ultrapassassem 10 mil por dia nesta semana, o nível mais alto já registrado. Nos últimos dias, milhares de migrantes atravessaram o Rio Grande na área de Brownsville, no Texas, e outros pontos fronteiriços.
Outras dezenas de milhares se aglomeram perto da fronteira no México na esperança de cruzar para os EUA. Autoridades estimam esse número em 60 mil no total. Só na mexicana Ciudad Juaréz, 10 mil migrantes aguardam a oportunidade de chegar à cidade americana de El Paso, no outro lado da fronteira, segundo o prefeito deste município, Oscar Leeser.
Diante do grande fluxo, a superlotação nas instalações migratórias do governo só se agrava. Na quinta-feira, cerca de 25 mil migrantes estavam sob custódia da Patrulha de Fronteira, um número muito acima da capacidade da agência.
Para reduzir a superlotação, autoridades americanas chegaram a autorizar a liberação de migrantes que não tinham data marcada para se apresentar à corte em locais onde as instalações excederam 125% de sua capacidade de detenção. Eles teriam que se reportar a um escritório de imigração dentro de 60 dias.
Contudo, um juiz federal interveio na quinta-feira para bloquear o plano de liberação, atendendo a um pedido do procurador-geral da Flórida. O governo do presidente Joe Biden deve recorrer da decisão.