Cientistas da UFRN participaram na última semana de uma expedição cuja missão foi remover colônias de um coral invasor no litoral do Rio Grande do Norte. Coordenada pelo Núcleo de Unidades de Conservação do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e pela gestão da Área de Proteção Ambiental Recifes de Corais (APARC), a ação contou com o apoio técnico do Laboratório de Ecologia Marinha do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN.
Ao todo foram removidas 1542 colônias íntegras de coral-sol e 981 fragmentos que se quebraram durante a remoção. Os pesquisadores ainda demarcaram 18 áreas de monitoramento fixo com o intuito de avaliar ações de manejo a longo prazo, além de terem instalado nove placas de recrutamento. Também houve a coleta de aproximadamente 50 exemplares vivos, os quais serão mantidos no Laboratório de Experimentação Aquática da UFRN para experimentos de competição com corais nativos.
Conhecido por este nome em razão da cor alaranjada e de seus tentáculos amarelos, o coral-sol (Tubastraea spp.), originário do Indo-Pacífico, invadiu a costa brasileira por volta dos anos 1980, trazida por plataformas e boias utilizadas na exploração do petróleo. Desde então, expandiu-se e ocorre atualmente do Ceará até Santa Catarina. Por trás de sua beleza, porém, esconde-se uma preocupante ameaça à biodiversidade dessas águas.
“Como uma espécie invasora, o coral-sol tem uma alta capacidade de reprodução, crescimento e regeneração rápidas, compete bem com espécies nativas e não tem predadores naturais do Brasil. O resultado disso é que o coral-sol muitas vezes domina o fundo dos recifes que invade, substituindo espécies nativas e diminuindo a diversidade”, explica o pesquisador Guilherme Longo, professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia e membro da expedição.
Identificada em fevereiro deste ano pela oceanógrafa Erika Beux, a colonização pela espécie invasora foi registrada em grande quantidade no Naufrágio Comandante Pessoa, na Risca do Zumbi, a cerca de 20km da costa. A proximidade com a Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) desperta a preocupação dos pesquisadores frente à ameaça representada pelo coral-sol.
“A presença do coral-sol em naufrágios próximos à costa levanta a possibilidade de que essas estruturas artificiais funcionem como trampolins e fonte de larvas que podem chegar a colonizar os ambientes recifais naturais costeiros em breve. Além disso, a proximidade com os ecossistemas protegidos pela APARC traz uma grande preocupação dada a biodiversidade e atividades econômicas, como turismo e pesca, sustentadas nessa área, demandando uma ação de manejo e levantamento de dados urgente”, alerta Guilherme.
Em fase de planejamento, a próxima expedição deve ocorrer na primeira quinzena do mês de junho. Na ocasião, os pesquisadores pretendem concluir a remoção em áreas de mais difícil acesso e, além disso, realizar um monitoramento preventivo das áreas adjacentes ao naufrágio.
Fonte: UFRN