Pela primeira vez, cientistas detectaram uma galáxia massiva sem matéria escura, uma massa que representa cerca de 85% da matéria do Universo. A descoberta foi publicada na edição de julho da revista Astronomy and Astrophysics. A matéria escura é um tipo de matéria invisível que não interage da mesma forma que a matéria normal. A única evidência de sua existência é a forte atração gravitacional que ela exerce sobre as estrelas e o gás próximo.
A galáxia recém-descoberta não tem essa matéria que permeia o universo. Ela se chama NGC 1277 e apresenta várias vezes a massa da Via Láctea. Trata-se de uma “galáxia relíquia”, o que significa a mesma não teve interações com seus vizinhos.
Muito raros, sistemas como a NGC 1277 são considerados remanescentes de galáxias gigantes que se formaram nos primórdios do cosmos. “A importância das galáxias relíquias para nos ajudar a entender como as primeiras galáxias se formaram foi a razão pela qual decidimos observar NGC 1277 com um espectrógrafo de campo integral”, explica o pesquisador líder do estudo, Sebastién Comerón, em comunicado.
A pesquisa, que foi conduzida por um time internacional de cientistas, desafia conceitos da astronomia. “Esse resultado não se encaixa nos modelos cosmológicos atualmente aceitos, que incluem a matéria escura”, afirma Comerón, que atua no Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC) e na Universidade de La Laguna (ULL), na Espanha.
A partir dos espectros detectados pelo pesquisador e sua equipe, foram desenhados mapas cinemáticos, que, segundo o especialista, permitiram calcular a distribuição de massa dentro da galáxia até um raio de cerca de 20 mil anos-luz.
O estudo mostrou que a distribuição total de massa na NGC 1277 conta apenas a distribuição das estrelas. Isso sugere que dentro do raio observado não pode haver mais de 5% do componente-chave do universo – mas observações são consistentes com a hipótese da completa ausência de matéria escura nesse sistema.
Fonte: Revista GALILEU