A governadora Fátima Bezerra recebeu, nesta quarta-feira (4), representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para tratar da candidatura do Lajedo de Soledade, em Apodi, ao título de Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Durante o encontro, a governadora reafirmou o compromisso com o reconhecimento do sítio arqueológico, destacando sua relevância para a proteção da área e para o fomento do turismo sustentável, alinhado às necessidades da comunidade local.
Fátima Bezerra propôs a realização de um fórum estadual em 2025 para discutir o tema. “Minha sugestão é ampliar o debate, envolvendo instituições de ensino, entidades de turismo e representantes dos governos estadual e federal”, afirmou.
Outro esforço destacado foi o trabalho da Procuradoria-Geral do Estado na regularização fundiária da área do Lajedo, considerado essencial para fortalecer a documentação técnica que o IPHAN apresentará à UNESCO como parte da candidatura.
Leonardo Troiano, coordenador de Articulação do Centro Nacional de Arqueologia do IPHAN, enfatizou a importância histórica e cultural do Lajedo, associado à herança indígena e à preservação da Caatinga. Ele explicou que o processo para reconhecimento pela UNESCO envolve três etapas: inclusão na lista indicativa, produção de documentação técnica e lançamento da candidatura oficial.
“O Lajedo de Soledade atende plenamente aos critérios exigidos, com destaque para seu patrimônio de arte rupestre, composto por pinturas e gravuras raras e abundantes, além de fósseis de grande relevância”, destacou Troiano.
Atualmente, o Brasil possui 23 locais reconhecidos como Patrimônios Mundiais pela UNESCO. O primeiro a receber esse título foi a cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, em 1980.
A reunião contou com a presença de autoridades como Mary Land Brito (secretária estadual de Cultura), Gilson Matias (FJA), Sílvio Torquato (secretário estadual de Desenvolvimento Econômico), Solange Portela (secretária estadual de Turismo), Antenor Roberto (procurador-geral do Estado), Jonielson Oliveira (Idema), Francisco Sales (procurador estadual), João Gentil (superintendente do IPHAN no RN) e Manoel Souto Maior (arqueólogo do IPHAN).
Lajedo de Soledade
O Lajedo de Soledade, localizado na Chapada do Apodi, é reconhecido por abrigar fósseis e pinturas rupestres, além de ser a maior exposição de rocha calcária da bacia potiguar. A formação data de aproximadamente 90 milhões de anos, período em que a região era coberta por um mar raso.
Desde a década de 1960, o sítio enfrentou desafios, como a mineração irregular. Nos anos 1990, com apoio da Petrobras, foram iniciadas ações de conservação, incluindo a criação do Museu do Lajedo e da Fundação Amigos do Lajedo de Soledade (FALS).
Atualmente, o local recebe cerca de 700 visitantes por mês, em sua maioria estudantes do Nordeste. A candidatura ao título de Patrimônio Mundial busca ampliar o alcance turístico e educativo do Lajedo, consolidando-o como um modelo de sustentabilidade, preservação histórica e valorização cultural.