Gráfica que imprimia provas do Enem tem R$ 100 milhões em dívidas trabalhistas, dizem ex-funcionários

Ex-funcionários da gráfica responsável pela impressão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre 2010 e 2019 dizem que a empresa tem R$ 100 milhões em dívidas trabalhistas. Eles foram mandados embora quando a multinacional RR Donnelley estava à frente da impressão das provas do Enem e, em abril de 2019, deixou de imprimir as avaliações após declarar falência. Quase 5 mil funcionários trabalhavam nas fábricas de Osasco e Barueri, na Grande São Paulo. Uma outra empresa assumiu a impressão.

As duas empresas são investigadas pela Polícia Federal que deflagrou, na terça, uma operação que apura um suposto superfaturamento de R$ 130 milhões em contratos. A PF cumpriu 41 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A multinacional é investigada por crime contra a lei de licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A gráfica está envolvida em pelo menos 63 processos na Justiça em 11 cidades da Grande São Paulo. Ela é mantida por um administrador judicial há dois anos e oito meses e acumula uma dívida com os ex-funcionários de cerca de R$ 100 milhões. O presidente do sindicato dos gráficos diz que 950 funcionários foram demitidos pela empresa. Ele afirma que os ex-empregados até conseguiram dar entrada no FGTS e no seguro-desemprego, mas ainda não receberam.

“Falta pagar as verbas rescisórias, aviso, saldo de salário, 40% sobre a verba rescisória do fundo de garantia e os 40% do fundo de garantia que estava já depositado”, afirmou Joaquim de Oliveira, presidente do Sindicato dos Gráficos de Barueri, Osasco e região.

Ricardo Rubim de Toledo, advogado do sindicato, diz que a gráfica tem como gerar recursos para quitar as dívidas com os funcionários. “Ela vai ter que vender judicialmente, através do leilão, e alienar os bens. Esse dinheiro iria para o processo e depois para a distribuição, dando preferência para as dívidas trabalhistas e depois para outros credores”, afirma. Atualmente, o galpão alugado pela empresa em Barueri tem cerca de 20 funcionários que mantêm a gráfica funcionando para que os equipamentos não se deteriorem. No prédio de Osasco são 6 funcionários.