Greve nas universidades e institutos federais deixa alunos sob a incerteza de impactos na rotina e nos planos

Milhares de alunos de 51 universidades e de 79 institutos federais já avaliam quais serão os impactos da greve de professores e técnicos deflagrada nestas instituições. Mesmo compreendendo as reivindicações dos funcionários, estudantes entrevistados pelo g1 relatam, em resumo, as seguintes preocupações:

perda de conteúdo pedagógico, especialmente entre quem cursa o ensino médio nos institutos federais e já carrega defasagens do período da pandemia;
“calendário corrido” depois do fim da greve, com reposição de aulas nas férias e excesso de matéria ensinada em um período curto após a normalização;
incerteza sobre a data da formatura, incluindo o risco de atrasar a inserção no mercado de trabalho formal;
demora maior em receber o diploma e possibilidade de ficar de fora dos processos seletivos para universidades no ano que vem, como Sisu e Prouni (caso de quem está cursando no ensino médio nos institutos federais);
ansiedade com gastos extras e problemas na alimentação, já que restaurantes/bandejões universitários, que oferecem pratos a menos de R$ 1, estão fechados em alguns locais;
prejuízo em projetos de pesquisa, porque há instituições que limitaram o funcionamento das bibliotecas ou interromperam as mentorias dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC);
atraso na concessão de novos auxílios estudantis, devido à paralisação do setor administrativo;
risco de evasão dos alunos mais vulneráveis, caso a greve se estenda por muitos meses.

Os níveis de adesão ao movimento grevistas são diferentes em cada instituição de ensino — nem sempre todos os setores das universidades e dos institutos estão paralisados. Em algumas universidades, parte dos professores não aderiu à greve; em outras, só os técnicos interromperam as atividades.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, todos os docentes estão trabalhando, mas o restaurante universitário ficou fechado por três semanas (agora, abre apenas no jantar, de 3ª a 5ª feira). Luísa Cattabriga, aluna da instituição, diz que não tem mais dinheiro para pagar pelas refeições.

“Sou aluna pobre e estava contando com os R$ 0,70 cobrados no restaurante da faculdade. Agora, estou tendo de gastar o que não tenho para poder me alimentar, sendo que fico o dia inteiro tendo aula, das 9h às 22h. Tem gente que nem está conseguindo comer. Sou a favor da greve, mas falta empatia com a situação dos estudantes”, afirma.

A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, preocupa-se exatamente com os alunos mais vulneráveis.

“Quanto mais o governo demorar para apresentar uma proposta para atender demandas, maior vai ser o risco de evasão dos estudantes, porque fica difícil de se manterem. A gente defende uma reforma completa e entende as reivindicações, mas a universidade precisa voltar a funcionar.”

Fonte: G1