Jornalista de Natal chama Marielle Franco de “miliciana” durante programa de rádio e recebe resposta da mãe da vereadora

A morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco completa 2 anos no próximo sábado (14), porém segue sem resolução do caso. Enquanto isso, há quem critique a vereadora pela posição que ela tinha na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, há quem lute, todos os dias, por justiça para que se encontre os verdadeiros culpados em ter atirado no carro e de ter planejado a execução. 

Uma das coisas mais impressionantes, é a criação de certos comentários em relação à vereadora. A polêmica da vez, na cidade provinciana de Natal, é a declaração feita ontem (10), no Jornal das Seis, da rádio 96 FM, pelo advogado, jornalista e blogueiro Gustavo Negreiros. Ao ser questionado por uma mensagem de ouvinte se ele assistiu a série documentário sobre Marielle na Globoplay, Gustavo declarou: “não, eu não vou assistir uma porcaria dessa não. Marielle era uma miliciana lá do Rio de Janeiro, vereadora, que brigou com uma outra parte da milícia, e foi assassinada. Isso é uma briga caseira”. 

A mãe de Marielle Franco, Marinete, mãe da vereadora Marielle Franco, rebateu as agressões de Gustavo Negreiros. Para ela, “esse cara deve ser, além de desumano, um moleque porque não conhece a minha filha, não sabe nada da história da minha filha”, disse por telefone.

Hoje (11), o deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL), mesmo partido de Marielle, classificou de “lamentável, leviana e crime” as declarações de Negreiros. 

Lamentável é pouco para declarações desse tipo. Em setembro de 2019, Gustavo Negreiros foi afastado de dois veículos de comunicação de Natal, a rádio 96 FM (sim, teve “o retorno”) e Rede Tropical de Notícias (filiada à Rede Record), por ter feito declarações desprezíveis contra a ativista ambiental sueca Greta Thumberg, de 16 anos e diagnosticada com autismo. O jornalista chamou Greta de “histérica”, “mal-amada” e que “precisava de homem e de sexo”. 

Fica a questão: um advogado, jornalista, suposto conhecedor de tantos direitos e deveres, necessita agredir com palavras determinada pessoa a troco de quê? Fama? Conteúdo? Qual conteúdo? Há uma possibilidade de dizerem que tem que ter alguém polêmico no jornal, para poder dar audiência. Mas existe diferença entre ser polêmico e ser ignóbil nos comentários. Até quando os veículos de comunicação citados vão fazer questão de ter uma pessoa com essas atitudes em suas bancadas? Era esperada uma posição diferente da Rádio 96 FM e da Rede Tropical, desde o primeiro episódio. Os mesmos acabam se responsabilizando.

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