O Banco Central subiu na quarta-feira (22) a taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano, o nível mais alto desde junho de 2019. E a previsão do mercado é que os juros continuem subindo, chegando a 8,5% no final de 2022. Se esse cenário se confirmar, será a mais elevada taxa no Brasil desde agosto de 2017. O BC sobe os juros para tentar conter a inflação, mas o efeito colateral disso é que os juros dos empréstimos também sobem, aumentando o peso de prestações, carnês e boletos no orçamento das famílias.
10 passos para enfrentar dívidas
Myrian Lund, planejadora financeira certificada pela Planejar (Associação Brasileira dos Planejadores Financeiros), diz que, antes de mais nada, é necessário fazer um planejamento cuidadoso para saber como está seu orçamento e quanto você pode pagar a cada mês.
Na renegociação das dívidas, as taxas cobradas vão variar muito dependendo da pessoa, do motivo da dívida e do perfil da instituição financeira. Mas, segundo a especialista, uma dívida renegociada hoje não deve ter juros muito acima de 2,5% ao mês.
Veja abaixo dez passos para se organizar e pagar as dívidas antes que a alta dos juros as deixe ainda mais caras.
- Mapeie despesas: Cheque quanto está gastando por mês. Para fazer a conta, não olhe para um único mês. Considere um período de pelo menos três meses e calcule a média mensal.
- Calcule a capacidade de negociação: Esse detalhamento é fundamental para saber quanto do seu orçamento você vai conseguir usar para honrar as parcelas quando for renegociar a dívida. De nada adianta renegociar se depois de pouco tempo a família percebe que não consegue novamente honrar os compromissos.
- Centralize dívidas: Se tem dívidas em diversas instituições, vale concentrar tudo uma única, para negociar melhores condições de taxas de juros e prazos.
- Busque portabilidade: Antes de fechar com uma instituição financeira, pesquise condições de mercado oferecidas por outros bancos, financeiras e cooperativas, para centralizar as dívidas no lugar que de fato ofereça a melhor condição. A portabilidade permite transferir uma dívida de um banco para outro.
- Fuja de propostas tentadoras: Na pesquisa, evitar tomar empréstimos simples, como aqueles oferecidos de forma automática por aplicativos de financeiras, sem análise do seu risco de crédito. Eles costumam ter taxas de juros mais altas. A regra é fugir de taxas que sejam maiores que as das dívidas que você já tem.
- Vá à negociação preparado: Antes de procurar a instituição financeira em que pretende buscar acordo, faça o dever de casa para já chegar com uma proposta. Segundo Lund, as operações que passam pelo comitê de crédito do banco costumam ser melhores para os clientes do que as oferecidas na boca do caixa ou no aplicativo do banco. Então vale tentar agendar uma conversa com o gerente e pedir que ele encaminhe sua proposta ao comitê de crédito do banco para análise.
- Segure a ansiedade: Não tenha pressa. O importante é deixar claro que existe a intenção de pagar a dívida. Pode ser que o banco não aceite a proposta na primeira tentativa. Nesse caso, não se desespere. Faz parte da negociação o banco ajustar as condições.
- Proponha o menor prazo possível: É mais fácil fazer sacrifícios para pagar a dívida se for por menos tempo. O prazo menor também faz com que o saldo devedor cresça menos.
- Use todo dinheiro extra que entrar: Qualquer extra deve ser usado para quitar a dívida numa condição mais favorável. A antecipação do pagamento vale inclusive para dívidas renegociadas. Na hora da renegociação, coloque como condição receber um bom abatimento se pagar antes.
- Escolha o que pagar primeiro: Há casos em que as dívidas de fato não cabem no orçamento da família. O recomendado então é abrir uma conta bancária que não ofereça limite no cheque especial nem cartão de crédito. Ela servirá apenas para receber o salário. O dinheiro caiu na conta? Use-o para pagar as dívidas que você conseguiu renegociar. Se não conseguir renegociar com todos os credores ao mesmo tempo, busque pagar primeiro as dívidas que tenham menor impacto na vida da família, com melhores prazos e taxas.
Fonte: UOL