Laboratório da USP desenvolve nova ferramenta para detecção da dengue

Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto anunciaram o desenvolvimento de um novo método de detecção do vírus da dengue. A plataforma utiliza aptâmeros (fragmentos de DNA sintetizados) específicos para interagir com a proteína alvo (NS1) do vírus e promete resultados mais rápidos, com menores custos e acessibilidade, chegando até populações em locais remotos.

Responsável pela tecnologia, o pesquisador Bassam Bachour Júnior, do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, informa que o equipamento consegue detectar a doença a partir do segundo dia de sintomas em aproximadamente 30 minutos. O custo do exame, no atual estágio da pesquisa, está girando em torno de R$ 30, valor que deve diminuir assim que “todos os parâmetros necessários sejam validados”, afirma o pesquisador, acrescentando que o objetivo maior, além do custo, é aumentar a portabilidade do dispositivo.

A portabilidade, segundo Bachour Júnior, irá facilitar o acesso ao “aptassensor” pelas regiões mais distantes do País; para tanto, a nova plataforma utiliza um sistema de biossensores (moléculas de DNA) que pode ser levado a diferentes locais, auxiliando o sistema de saúde na triagem dos doentes ao reduzir “o fluxo de exames e o tempo de espera pelo diagnóstico para que o paciente receba o tratamento adequado no menor tempo possível”.

A tecnologia se concentra na detecção de uma proteína da dengue específica, a NS1, que é amplamente estudada pela comunidade científica e é considerada um alvo para diagnóstico, principalmente, nos primeiros quatro dias da doença. Assim, utiliza “sequências de DNA (aptâmeros) sintetizados em uma plataforma capaz de detectar essa proteína em uma amostra de sangue do paciente”, afirma o pesquisador. Os resultados obtidos até o momento indicam que o biossensor desenvolvido “é capaz de detectar a presença da proteína NS1 de dois sorotipos da dengue, o sorotipo 1 e o sorotipo 4”. Apesar disso, ainda são necessárias mais pesquisas para que o dispositivo possa ter uma aplicabilidade maior e alcance ambientes clínicos e de campo, particularmente em regiões com recursos limitados.

O novo equipamento foi desenvolvido junto ao grupo de pesquisa de Sensores e Materiais (Sensormat) da FFCLRP durante o mestrado de Bachour Júnior, realizado sob orientação do professor Marcelo Mulato, da FFCLRP, e com a colaboração da professora Marina Ribeiro Batistuti Sawazaki, do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O estudo pode ser visualizado em diversas publicações do grupo, sendo a mais recente a da edição de dezembro da Surfaces and Interfaces. Bachour Júnior adianta que a pesquisa continua e deve colaborar no controle da epidemia de dengue que segue assolando o País, com registros que se aproximam dos 300 mil casos somente neste início de 2025, segundo o Ministério da Saúde.

Fonte: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/laboratorio-da-usp-desenvolve-nova-ferramenta-para-deteccao-da-dengue/