No Brasil, as mulheres representam 55% das bolsistas de iniciação científica, entretanto, apenas 36% delas recebem as bolsas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Parte dessa situação ocorre devido à falta de reconhecimento dos impactos da maternidade na produção científica.
Para melhorar esse cenário e incentivar as pesquisadoras, foi lançado no último dia 2 de maio um edital de R$ 2,3 milhões, que prevê auxílios de até R$ 120 mil para cientistas vinculadas a alguma instituição de pesquisa do estado do Rio de Janeiro e que tenham estado em licença-maternidade em algum período dos últimos 12 anos.
O edital intitulado “Apoio às Cientistas Mães com Vínculo em ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia) do Estado do Rio de Janeiro” é resultado de uma parceria entre a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), o Instituto Serrapilheira e o movimento Parent In Science (PiS).
As mães cientistas terão até 7 de julho para se inscrever e concorrer ao financiamento. Serão selecionadas até 21 propostas. “Políticas e editais como este podem minimizar a perda de mulheres na ciência, aumentando a diversidade e a eficiência em contribuir para o desenvolvimento humano e social”, diz a neurocientista Letícia Oliveira, presidente da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da FAPERJ e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), em comunicado à imprensa.
Além disso, Cristina Caldas, diretora de Ciência do Instituto Serrapilheira, acredita que a oportunidade é um marco para o fomento da diversidade no Brasil e para reduzir desigualdades de gênero na ciência nacional. “Um edital como esse sinaliza a importância de reconhecer que mulheres são especialmente afetadas por interrupções em suas carreiras, e que elas podem sim continuar sendo competitivas mesmo depois de terem filhos”, ela afirma.
O embasamento teórico do projeto veio pelo Parent In Science, que se tornou referência no mundo ao ganhar o chamado “Prêmio de Mulheres Inspiradoras na Ciência” da revista Nature, em 2021. Uma pesquisa do PiS publicada naquele mesmo ano na revista Frontiers in Psychology, mostrou que, durante a pandemia de Covid-19, apenas 47% das cientistas mães conseguiram terminar artigos acadêmicos. Quanto aos pesquisadores homens com filhos, 76% submeteram seus artigos conforme o planejado.
Fonte: Revista Galileu