Ministério da Saúde moderniza distribuição de soro antiofídico para território Yanomami

O Ministério da Saúde promove, em 2024, uma modernização histórica na Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para aprimorar o acesso à saúde em territórios indígenas. Agora, após uma série de estudos, a distribuição de soros antiofídicos, usados contra acidentes com animais peçonhentos, será descentralizada. A mudança, que já ocorreu em sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do Amazonas, no começo do ano, chega ao DSEI Yanomami, em Roraima.

Na prática, essa descentralização é o início de um processo inédito para aumentar o número de pontos de atendimento para os pacientes que são picados por serpentes, por exemplo. A intenção do Ministério da Saúde é reduzir o tempo de socorro, assim, reduzindo riscos de morte e de sequelas permanentes.

Os distritos indígenas foram escolhidos por demonstrarem maior vulnerabilidade. As estatísticas mostram que essa população corre o risco quatro vezes maior de sofrer um acidente com animal peçonhento em comparação com outras. Já a letalidade é seis vezes maior entre os indígenas.

Lúcia Montebello, consultora técnica da Coordenação Geral da Vigilância de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do Ministério da Saúde, explica que o essencial nesses casos é ter maior acessibilidade para diagnóstico e tratamento.

“A partir da necessidade, também programamos qualificação de médicos e enfermeiros. Os grandes desafios são a profissionalização dos profissionais e a estruturação dos polos base para que possam atender o paciente fazendo os primeiros socorros e iniciando a soroterapia. É exatamente isso que temos feito”, comentou.

A mudança, ao longo do tempo, será implementada para os estados da região Norte, que registram o maior número de casos e de óbitos por acidentes com animais peçonhentos. Essa diminuição de tempo, ressalta Lúcia, salva vidas e visa a disponibilidade do soro em pontos de difícil acesso. “Estamos modificando uma situação que tem uma vulnerabilidade muito grande”, conclui. Casos graves continuarão sendo transferidos para hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).