Morreu nesta terça-feira, 5, aos 91 anos, no Rio de Janeiro, o poeta e tradutor Ivo Barroso, vítima de uma parada cardíaca. Responsável por verter para o português autores como William Shakespeare, T. S. Eliiot e Arthur Rimbaud, ele era considerado um dos principais tradutores do país. Ele será velado em uma cerimônia íntima nesta quarta-feira, 6, na Capela Celestial do Memorial do Carmo, das 12h às 15h.
Poeta ligado ao movimento concretista, Barroso voltou-se também para a tradução ainda na juventude. Nos anos 1950, quando colaborava no suplemento dominical do Jornal do Brasil (do qual se tornaria editor-adjunto mais tarde), começou suas primeiras traduções de Arthur Rimbaud. Primeiro brasileiro a verter a obra completa do poeta francês, Barroso chegava a fazer 40 traduções diferentes de um mesmo verso até chegar à versão final.
O perfeccionismo o levou a uma pesquisa minuciosa – ao longo de 30 anos, acumulou um acervo de 300 volumes dedicados Rimbaud. Em 2010, ele doou a relíquia ao Centro Cultural Banco do Brasil.
– É preciso dedicação de uma vida inteira para traduzir Rimbaud – disse o tradutor em uma entrevista na época. – Quando comecei esse processo, com Une saison en enfer, percebi como o texto era difícil e estranho. E olha que eu estava acostumado a traduzir poetas difíceis como Ezra Pound e T.S. Elliot! Tentei então encontrar tudo que podia sobre ele. Juntei 300 volumes, entre as obras completas, biografias, estudos sobre a obra e traduções em outras línguas para fazer comparações. Cada leitura me trazia mais informações, dava-me outras ideias para o que eu estava traduzindo. É algo que não acaba nunca, e que infernizou minha vida por 30 anos.
Algumas dessas pesquisas foram realizadas na Europa, onde Barroso residiu como alto funcionário do Banco do Brasil. Viveu em países como Suécia, Holanda e Portugal. Em Portugal de 1973 a 1978, foi redator-chefe da revista Seleções. De volta ao Brasil, foi assistente de Antônio Houaiss na edição das enciclopédias “Delta Larroussse”, em 1976, e de Carlos Lacerda na “Enciclopédia Século XX” (1973).
Fonte: Jornal O Globo