Mostra de xilogravuras promove tradicional arte potiguar homenageando folguedos populares e a Consciência Negra

A arte de se expressar através do trabalho manual em madeira é representada na mostra de xilogravuras da Oficina Rossini Perez, que iniciou nesta quarta-feira (17), e contou com a presença da governadora, Fátima Bezerra. Vinte e um trabalhos de onze artistas potiguares apresentam temas relacionados aos folguedos populares e à Consciência Negra. A Mostra é promovida pela Fundação José Augusto (FJA), por meio das Casas de Cultura Popular do RN e segue até 31 de janeiro, na Galeria Newton Navarro, na sede da própria Fundação.

“É uma alegria muito grande estar aqui na Fundação José Augusto (FJA), apreciando esta bela exposição. É muito talento, é muita sensibilidade, muita beleza poética e isso nos enche de orgulho. Viva a cultura popular!”, disse a governadora Fátima Bezerra durante a abertura da mostra.

A retomada da oficina de xilogravuras junto a FJA foi uma iniciativa do professor da rede estadual de ensino Erick Lima. Ele, que também é coordenador dos trabalhos, conta que estas oficinas tiveram início ainda nos anos 80, mas estavam paradas. Desta, vez, porém, garante: “A oficina voltou para ficar!”.

“Iniciamos em outubro passado e finalizaremos em abril próximo. Todos os alunos são iniciantes da arte da xilogravura e também estão expondo pela primeira vez”, revela Erick Lima. Ainda segundo ele, além da xilogravura, os alunos ainda aprenderão as técnicas de linogravura (gravura em borracha), técnicas alternativas de gravura e monotipia (técnica que realiza uma única impressão).

Após o período em exibição na FJA, a exposição irá circular pelas 27 casas de cultura do RN e Escolas da rede estadual de educação.

Admirador da arte popular potiguar, o expositor Saulo Daniel sempre teve vontade de aprender a xilogravura e encontrou, na oficina da FJA, a oportunidade perfeita. “Eu fazia artes que simulavam a xilogravura, no computador”, contou. Ele participa da exposição com dois trabalhos: um que homenageia o artista potiguar mamulengueiro João Viana e outro que representa a figura feminina afrodescendente.

A secretária de cultura do RN, Maryland Brito, destacou a importância da retomada de uma arte manual tão tradicional do Rio Grande do Norte. “Em um mundo digital, de likes, é de extrema importância o resgate e a preservação de uma arte genuinamente nordestina e de tanta expressão em nosso Estado”.

O presidente da FJA Gilson Matias disse que a mostra representa a natureza da Fundação, que é manter a arte viva. “A gente começa 2024 com essa exposição, com essa homenagem a Rossini Perez, nosso conterrâneo, conhecido no mundo inteiro. A gente tem de manter essa tradição viva”, disse.

INVESTIMENTOS

Ainda durante a solenidade, a governadora contou que o estado está em diálogo com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social – BNDES para retomar o financiamento e voltar a investir nas Casas de cultura do RN. “Foram cerca de RS 15 milhões barrados pelo governo anterior”, contou.

Na agenda que cumpriu em Brasília, a governadora Fátima Bezerra se reuniu com a presidente em exercício do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campelo, para tratar do resgate do projeto de revitalização das casas da cultura. Serão quinze Casas que passarão por reformas em diferentes municípios.

Fátima Bezerra disse que também será retomado o Festival Literário de Natal e que a ideia é percorrer todas as 16 Direcs – Diretorias Regionais de Educação e Cultura do RN.

ROSSINI PEREZ

A oficina é uma homenagem ao artista potiguar Rossini Quintas Perez (Macaíba, 1932 — Rio de Janeiro, 18 de março de 2020), natural de Macaíba que acumula dezenas de exposições e obras nos mais importantes museus nacionais e estrangeiros.

Gravador, fotógrafo e desenhista, foi professor de gravura em Brasília e Rio de Janeiro, além de Senegal, México e outros países da América Latina.