Uma sessão solene na Câmara Municipal de Natal celebrou, na noite da terça-feira (12), Edilzenira de Paula Cabral (in memoriam) – Mulheres Ekedjis de Terreiro. Proposta pela vereadora Divaneide Basílio (PT), a solenidade homenageou com diploma meritório personalidades de destaque do candomblé na capital potiguar e contou com a participação de autoridades políticas, lideranças religiosas e membros de movimentos sociais organizados.
Ekedji é uma denominação em iorubá, significa “mãe que o Orixá escolheu e confirmou”. Trata-se de um cargo para mulheres que ocupam função ritualística no culto do candomblé. O cargo de Ekedji é muito importante por ser ela a condutora de várias ações em um terreiro, pois, além de exercer a função de dama de honra do Orixá, ela é a porta-voz das entidades em terra. É ela que muitas vezes transmite ao Babalorixá ou Yalorixá a mensagem deixada pelo próprio Orixá para casa de candomblé e seus adeptos.
Ao fazer uso da palavra, a vereadora Divaneide Basílio (PT) falou sobre a importância da honraria. “A Ekedji Edilzenira foi um símbolo para as mulheres do Axé por sua trajetória e compromisso. Esta homenagem significa, também, garantir respeito para a sua história e ressaltar outras companheiras que junto com ela construíram a dignidade das religiões de matriz africana, além de divulgar a presença feminina no candomblé. Aproveito para agradecer a todas e todos que contribuíram para a realização desse momento tão bonito”.
Entre as homenageadas, Dayane Germano agradeceu ao Legislativo natalense pela distinção. “Estou muito feliz com a lembrança do meu nome e o imenso carinho que recebi. Mas sem perder de vista que o foco principal é reverenciar a memória de Edilzenira, um exemplo de grande mulher, mãe e Ekedji. A emoção toma conta da gente pela alegria de mostrar as belezas da nossa religião, que merece todo respeito da sociedade”, disse ela.
Por sua vez, a Ekedji Lúcia Helena Alves afirmou que a solenidade representa um momento único em sua vida. “Porque Edilzenira foi minha filha de cria, pois iniciou a jornada no candomblé na nossa casa. Portanto, me orgulho de ser mãe de cria dela e de ter acompanhado seus primeiros passos na religião”, recordou. “Como não acreditamos na morte, sabemos que ela nunca morreu e continua ao nosso lado. Nunca será esquecida, pois estamos aqui para lembrá-la”, completou.
Cidileide Bernardo, companheira de Edilzenira, considerou a iniciativa da Câmara Municipal um ato de justiça. “Ela continua sendo uma guerreira que sempre colocou a religiosidade e o bem-estar das pessoas acima de qualquer coisa. Costumava falar que a fé era o que a movia nessa terra. Então, ver tanta gente reunida para homenageá-la é bastante gratificante porque mostra que a passagem dela neste plano não foi em vão”.