Mulheres são maioria dos brasileiros que reduzem consumo de carne

Mulheres de alta renda e de alta escolaridade que vivem em centros urbanos são a maioria (76%) das pessoas que escolhe diminuir o consumo de carne na sua alimentação. A constatação é de um estudo inédito de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) publicado nesta quarta-feira (8) na revista científica Appetite.

A investigação teve como objetivo caracterizar o perfil socioeconômico, demográfico e motivações dos chamados flexitarianos, que restringem o consumo de carne. Os pesquisadores analisaram dados coletados por uma pesquisa online com 1.029 pessoas que se autodeclararam como flexitarianos.

Esse padrão alimentar é caracterizado pelo consumo de carne bovina pelo menos duas vezes por semana e frango até três vezes por semana, sendo complementado por fontes de proteína de origem vegetal e ovos como os principais substitutos da carne.

Mais da metade (56%) das pessoas escolhem uma dieta com baixo consumo de carne por causa de preocupações ambientais e de bem-estar animal. “As preocupações com a degradação ambiental e a forma como os animais são tratados para fins de consumo parecem estar conectadas com o perfil político, de renda e nível educacional destas pessoas”, analisa Carla Djaine, cientista social pesquisadora da UFRN e principal autora do estudo. Em seguida, estão as preocupações com a saúde individual.

O estudo revela que os flexitarianos consultados têm um salário médio relativamente mais alto em comparação à renda média da população brasileira: eles ganham 3,6 vezes mais, ou seja, R$ 9.050,92, enquanto a renda média é de R$ 2.533, segundo dados do IBGE. “Isso mostra que o poder de compra pode não ser o principal motivador da redução do consumo de carne, sendo importante diferenciar flexitarianos daqueles que limitam o consumo por questões financeiras”, afirma Djaine.

Entretanto, o aumento de gastos com a alimentação é um fator relevante. A pesquisadora comenta que a dieta flexitariana pode custar até 60% a mais do que dietas convencionais, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Fonte: Revista GALILEU