A cepa do SARS-CoV-2 que predomina nos países europeus atingidos pela Covid-19 contamina mais facilmente as células do que o coronavírus que originou a epidemia na China, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (2) na revista científica Cell. Isso provavelmente faz com que o vírus contamine mais facilmente a população, mas essa hipótese ainda precisa ser confirmada.
De acordo com o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, os cientistas ainda não sabem se essa cepa pode provocar mais casos graves. “Aparentemente, o vírus se replica melhor e é mais transmissível, mas ainda estamos tentando obter essa confirmação. Temos excelentes geneticistas que trabalham nessa hipótese”, disse Fauci à revista Jama.
Desde que deixou a China e chegou à Europa, o coronavírus, que sofre mutações constantes, mudou, e essa cepa se tornou dominante, de acordo com este estudo. É essa versão europeia da Covid-19 que se propagou em seguida nos Estados Unidos e na América do Sul.
Essa cepa, chamada de D614G, envolve apenas uma única letra do DNA do vírus que controla a ponta que ele utiliza para penetrar nas células humanas. As mutações genéticas do coronavírus são objeto de estudo de pesquisadores do mundo todo, que sequenciaram o genoma do SARS-CoV-2 e compartilharam suas informações em uma base de dados internacional, conhecida como GISAID – já existem mais de 30.000 sequenciamentos.
Os pesquisadores do novo estudo, das universidades de Sheffield e Duke, e do laboratório nacional de Los Alamos, já haviam afirmado anteriormente que a mutação detectada tornava o coronavírus mais transmissível, mas as conclusões foram consideradas precipitadas e criticadas pela comunidade científica. Os cientistas então realizaram experiências suplementares, a pedido dos editores da revista Cell.
Fonte: Revista Época