Na semana da Mulher, Museu Câmara Cascudo celebra o trabalho da artista potiguar

O aniversário da escultora Luzia Dantas foi celebrado em 27 de fevereiro, mas uma vida como a dela não se comemora em um dia. Luzia é patrimônio vivo da cultura potiguar, uma das grandes escultoras do nosso estado. Nas mãos dela, um pedaço de umburana ganha vida e movimento. No dia internacional da mulher, o Museu Câmara Cascudo relembra a trajetória de uma das artistas mais pesquisadas pela instituição. No começo dos anos 2000, Luzia Dantas esteve no Museu Câmara Cascudo para receber o catálogo com a sua obra no acervo da instituição. Ela deixou de lembrança uma pequena coroa, confeccionada ali mesmo, durante o evento. Não foi a primeira vez. A arte de Luzia é objeto de pesquisas na instituição desde os anos 1960, no então Instituto de Antropologia. Ela até contou para a equipe pedagógica do MCC que aprendeu a fazer o movimento dos animais na escultura da vaquejada ao observar as obras de Xico Santeiro – outro importante mestre potiguar da escultura – no acervo da instituição.

A arte de Luzia Dantas teria sido “descoberta” pelos pesquisadores Veríssimo de Melo e Câmara Cascudo ainda nos anos 1960, com direito a citação em seus livros. No final da década de 1970, participou das pesquisas do programa Bolsa Trabalho Arte. Volta no ano 2000, na pesquisa Santeiros e Devoções, da professora Wani Pereira e no projeto Vernáculo, de 2012.

Suas obras formam uma das mais antigas coleções no acervo do museu. São 25 obras, incorporadas entre os anos 1960 até a primeira década dos anos 2000. Os trabalhos retratam na madeira, o cotidiano do sertanejo como “Mula com Barris” (1962), “Vaqueiro com boi”(1963), “Casa de farinha” (1965) e “Construção de açude” (1965), com um estilo realista, quase como a fotografia daqueles momentos. A obra de Luzia também representa a devoção católica dos seridoenses, quando ela recupera inspirações barrocas em obras como “Cristo” (1965), “São Miguel” (1980), “Nossa Senhora Aparecida” (2006) e “O frade confessando” (1980), também representadas no acervo do MCC.

Dona Luzia não parou de trabalhar. Deu apenas uma pausa para cuidar da saúde. Na última quinta-feira (04), tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Mesmo assim, nas horas vagas, pequenas obras de arte ainda brotam das suas mãos. O Museu Câmara Cascudo agradece a oportunidade de preservar a arte dessa grande escultora potiguar, símbolo da luta da mulher sertaneja que ganhou o mundo com a arte. 

Veja a galeria: https://ufrn.br/imprensa/materias-especiais/45042/a-obra-de-luzia-dantas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial