“O medo de perder tira a vontade de ganhar.” Essa frase é atribuída ao técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo e talvez explique um pouco o que aconteceu em Natal nas últimas horas. Ontem recebi um convite, e confesso que diante da histeria coletiva, o medo me paralisou e pensei se deveria ou não sair de casa para reencontrar meus amigos. Eu “congelei” diante das informações que circulavam de que havia um “salve” de bandidos ordenando crimes pela cidade. Sim, os áudios se espalhavam em grupos e eram assustadores e até certo ponto convincentes. Mas lembrei que era jornalista e que poderia facilmente checar a veracidade daquelas informações, assim o fiz. Liguei para algumas fontes e de novo: “fake news”. A própria Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (SESED), em nota, negou os fatos e orientou a população a não compartilhar tais boatos.
Mas a quem interessa produzir e propagar esse tipo de notícia falsa?
Lembro que em 2015, aconteceu algo muito semelhante. Uma onda de “notícias falsas” acabou gerando medo e violência com ônibus queimados e terror em diversas partes do estado. O que era apenas uma “mentira” alimentou “uma onda” de insegurança que tomou conta do RN.
Agora da mesma forma quando alguém se passa por bandido de uma facção ordenando crimes, alguém acredita e se aproveita para cometê-los. E todo e qualquer crime que acontecer, porque talvez acontecesse independente da ordem, será diretamente noticiado como se tivesse relação com o “suposto” comando da facção. As pessoas vão ficar com medo, é natural, e vão culpar a segurança do estado por algo que não existe de fato. Percebam que há claramente um componente político nisso tudo, afinal, temos uma governadora reeleita e um estado que elegeu em primeiro turno um aliado dela.
Vamos ao segundo turno e as “Fake News” podem gerar violência e desconforto mostrando que o estado está sem controle e indicando que seria melhor mudar o voto no segundo turno. Claro que essa é uma estratégia perigosa e que só isso não será suficiente. Vem muito mais por aí. Mas é o jogo político e muitas vezes sujo para se chegar ao poder. Aliado a isso, temos deputado eleito que alimenta as notícias falsas ao rebatê-las como se, com esse novo “poder”, o ajudasse para ser justiceiro de uma terra sem lei. Em breve conhecerá o regimento interno da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN), a Constituição do Estado e a própria Constituição Federal, documentos aos quais fará juramento e que estabelecem bem o seu papel como representante do legislativo estadual. Assim espero.
Resta a nós cidadãos entender que a Fake News se tornou a arma mais letal da sociedade em que vivemos. Ela mata! E retomando a frase de Vanderlei: o medo que é provocado pelas notícias falsas pode impedir a vontade de ganhar.