Nova polêmica: pesquisadores da UFRN escrevem nota de repúdio para blogueiro de Natal

Depois de fazer comentários misóginos e agressivos contra a ativista Greta Thumberg em 2019, em um programa da rádio 96 FM, ter sido demitido após a repercussão negativa, depois de ter relembrado, em 2020, o ocorrido, ele voltou a criticar em uma postagem alguns jornalistas locais em que diz “A inveja é um pecado capital abominável… 240 jornalistas fracassados, falecidos na profissão, se ajuntaram para vomitar em uma carta toda a frustração, olho grande, mediocridade, como se a culpa da nulidade dessa cambada de urubus fosse minha.”, depois de ter chamado a vereadora Marielle Franco de “miliciana” durante o mesmo programa de rádio, o jornalista Gustavo Negreiros volta a se envolver em uma nova polêmica, mas com aluno da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 

O jornalista fez declarações acerca do trabalho desenvolvido pelo aluno Rafael Oliveira da Silva, autor da Dissertação de Mestrado “Entre o sério e o cômico na fantasia distópica: uma análise das representações de herói corpo e sociedade em temporada dos ossos”, orientado pela Profa. Dra. Maria da Penha Casado Alves, da UFRN. Gustavo Negreiros criticou dizendo, em sua postagem, “Um mestrado para o nada […] Nem conheço o rapaz que vai defender a dissertação de mestrado, não é com ele, mas com a estrutura de gastar dinheiro das UFs para o nada. Precisamos investir em engenheiros, ciência, algo palpável.” […] “Sou tão ignorante que não consigo nem entender o que danado é o tema do mestrado: “Entre o sério e o cômico na fantasia distópica: Uma análise das representações de herói corpo e sociedade em temporada dos ossos”. Imagino que foi trabalhoso tirar do nada a coisa nenhuma. Mas é isso a representação das nossas universidades.”, disse. 

Os professores do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) emitiram uma nota de repúdio contra o polêmico jornalista: 

“NOTA DE REPÚDIO

Na condição de professores do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vimos a público manifestar nosso repúdio à declaração emitida pelo Sr. Gustavo Negreiros acerca do trabalho desenvolvido pelo aluno Rafael Oliveira da Silva, autor da Dissertação de Mestrado “Entre o sério e o cômico na fantasia distópica: uma análise das representações de herói corpo e sociedade em temporada dos ossos”, orientado pela Profa. Dra. Maria da Penha Casado Alves. 

Entendemos ter sido um ato de desmedida falta de respeito ao aluno, à orientadora e à UFRN. O comentário “Um mestrado para o nada”, escrito pelo blogueiro, busca desqualificar o trabalho acadêmico, por meio de um tom de deboche e provocação, típico do discurso de ódio que tem sido veiculado no blog dele. Isso explicita aquilo que o próprio blogueiro afirma: seu total desconhecimento acerca do que significa fazer ciência, do que seja ciência, de quem produz ciência e de qual é o valor da ciência no atual contexto da sociedade brasileira. 

Nos últimos anos, acompanhamos perplexos um processo de desvalorização da cultura, da educação e da ciência no Brasil. No atual contexto pandêmico, observamos o avanço de uma visão de mundo equivocada, baseada no negacionismo que nos trouxe ao abismo em que nos encontramos: mais de 295.000 mortes provocadas pela Covid-19, não por uma “gripezinha”.

Diante do inadmissível e desrespeitoso comportamento do Sr. Gustavo Negreiros em relação ao trabalho de professores, alunos, pesquisadores que se dedicam, com responsabilidade e compromisso, à produção do conhecimento científico e por entendermos que esse tipo de comportamento, ao desvalorizar a ciência, se aproxima do autoritarismo, flerta com o fascismo e fragiliza as relações democráticas, subscrevemos esta nota, repudiando esse tipo de discurso de ódio que em nada contribui para elevar o ânimo e a esperança de superação de um período de crise humanitária que, por si só, já é tão difícil. 

Compreendemos que o momento é de acolher e respeitar o outro. Exercer livremente nosso direito de externar humanidade e não compactuar com o ódio nem alimentar a opressão, o preconceito e a ignorância. Não nos colocamos a serviço da barbárie nem do fascismo que teimam em avançar impiedosamente sobre nós, educandos, professores e pesquisadores brasileiros. Por isso, não podemos nos calar. Todo nosso apoio a Rafael Oliveira da Silva, à Profa. Maria da Penha Casado Alves, a todos os que fazem a universidade pública brasileira. A UFRN luta.”

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