O Governo do Estado assinou nesta quinta-feira, 14, acordo de cooperação com a Casa da Ribeira para implementação do Complexo “Rampa – Arte Museu Paisagem”. O estado é representado pelas secretarias de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SEEC) e de Turismo (SETUR).
“O Complexo da Rampa vem somar como grande atrativo turístico. É um dos mais belos e modernos equipamentos culturais do País, um patrimônio que encanta a todos. As obras físicas estão concluídas e as instalações devem ser abertas ao público no primeiro semestre de 2022”, afirmou a governadora professora Fátima Bezerra.
A governadora lembrou a aprovação da Lei Câmara Cascudo, proposição de sua autoria como deputada estadual. “A Casa da Ribeira nasceu com incentivo da lei como mecanismo para valorizar a cultura. E o Complexo vai funcionar com base nos benefícios desta Legislação”, registrou, lembrando também as ações realizadas pela administração estadual para concluir as obras. “Quando assumimos as obras estavam ameaçadas com a solicitação da devolução de recursos pelo Ministério do Turismo. Superamos as dificuldades e hoje estamos aqui dando mais um passo decisivo para que o complexo venha efetivamente a funcionar”.
O acordo de cooperação tem prazo de dois anos, podendo ser prorrogado. A ocupação artística do complexo será de responsabilidade da Casa da Ribeira, instituição independente e com expertise na elaboração e gerenciamento de projetos culturais. O projeto está dividido em duas fases e será viabilizado através da Lei Câmara Cascudo de renúncia fiscal (empresas destinam parte do ICMS para patrocínio cultural).
O Complexo “Rampa – Arte Museu Paisagem” é um dos maiores equipamentos culturais do Brasil. São 11 mil metros quadrados de área com duas grandes salas de exposição, salas educativas, auditório, espaço para café e restaurante, recepção, bilheteria, área externa para eventos com até 3 mil pessoas, estacionamento e a Calçada Potengi, espaço com visão privilegiada do rio.
O presidente da Casa da Ribeira, Henrique Fontes, considerou a assinatura do acordo de cooperação um momento histórico por que vai permitir a instalação de um dos maiores complexos culturais do Brasil. Coordenador do projeto do Complexo, Gustavo Wanderley disse que o espaço devolve a paisagem do rio Potengi às pessoas e envolve arte, ciência e história.
O ato de assinatura contou com a presença do vice-governador Antenor Roberto, secretários Ana Maria da Costa (SETUR), Getúlio Marques (SEEC), Fernando Mineiro (SEGRI), Gustavo Coelho(SIN), Carlos Eduardo Xavier (SET), Jaime Calado (SEDEC); adjuntos da SEEC, Márcia Gurgel, da SEDEC, Haroldo Azevedo Filho, da SETUR, Leandro Prudêncio; procurador geral do Estado Luiz Antônio Marinho, procurador adjunto, Duarte Santana, presidente da Fundação José Augusto (FJA), Crispiniano Neto, diretor da FJA, Fabio Henrique. Os vereadores Brisa Bracchi e Hermes Câmara representaram a Câmara Municipal de Natal, a deputada Isolda Dantas representou a Assembleia Legislativa. Também participaram o procurador da República aposentado e membro da Academia de Letras do RN, Armando Holanda; representantes do Sindetur, do Sindbuggye, da Fecomércio, da Secretaria de Patrimônio da União e do IPHAN, vários artistas, entre eles Guaraci Gabriel, Titina Medeiros e João Marcelino.
IMPACTO NO TURISMO LOCAL
– Além do impacto cultural e social para quem vive em Natal, o Complexo vai funcionar como um grande atrativo turístico. Estudos preliminares de consultorias contratadas pelo projeto indicam que a ativação do complexo cultural, integrado com outros roteiros turísticos, pode aumentar em um dia o tempo de permanência de turistas na capital potiguar.
PROCESSO DE INSTALAÇÃO
FASE 1 – PESQUISA MUSEOLÓGICA
– A fase 1 está orçada em R$ 999 mil. Nela estão previstas as pesquisas do núcleo museológico, elaboração de um programa educativo, a montagem de uma exposição temporária, além de estudos e consultorias que vão definir o mais adequado modelo de gestão do Complexo.
– A coordenação do núcleo museológico está a cargo de Marília Bonas, profissional com reconhecido trabalho na área de Museologia, hoje diretora técnica do Museu da Língua Portuguesa e do Museu do Futebol.
– O acervo museológico será composto por referências patrimoniais em ambiente digital. Toda a documentação está sendo mapeada e documentada e será disponibilizada em plataforma digital.
FASE 2 – AQUISIÇÃO DE OBRAS E PROJETOS
– A fase 2 do projeto está orçada em R$ 6,4 milhões. Essa etapa compreende as obras de grande escala construídas no local de exibição, como: aquisição de obras e projetos adquiridos a partir de edital público, selecionados por uma curadoria; exposição de longa duração inédita que ocupa espaço de aproximadamente 600m² e está desenhada em cinco módulos; obras de arte comissionadas, feita sob encomenda, a partir de pedido específico dos curadores; obras de arte réplicas, para representar máquinas de voo; consultorias técnicas que preveem a contratação de profissionais ou prestadores de serviços em áreas como engenharia de segurança, acessibilidade, som e luz, eletricista, entre outros.
– Ao todo, 23 artistas brasileiros estarão presentes no Complexo com obras inéditas, sendo, pelo menos, 9 artistas locais. A rede criativa do estado também está contemplada nos núcleos curatorial, arquitetura e paisagem, museológico, educativo, administrativo e financeiro, planejamento, produção e comunicação.
DADOS TÉCNICOS
– O Complexo Cultural da Rampa tem 2.800 m² de área construída, que abrigam auditório, salas para exposição (temporária e permanente), área para atividades criativas, bar, café, loja com lembranças e souvenires, banheiros, mirante, píeres e deck, dentre outras atividades.
– O deck frontal tem extensão de 102 metros e 3,80 metros de largura. Os píeres que adentram o rio Potengi têm extensões diferentes: 22 e 27 metros, cada um deles.
– A obra teve orçamento inicial de R$ 7,5 milhões, com recursos do Ministério do Turismo, contrapartida e reajustamentos do Estado do Rio Grande do Norte.
HISTÓRICO DA OBRA
– O prédio da Rampa foi repassado pela União para o Estado em 2009, mediante autorização para execução de obra. Em 2011, a então gestão estadual, através da Secretaria de Turismo, apresentou um projeto para transformar o local em complexo cultural.
– As obras começaram em 2013, mas no ano seguinte aconteceu a primeira de duas paralisações que, juntas, somaram três anos sem a realização de serviços.
– As paralisações ocorreram em função de problemas nos projetos; situação que continuou a ocorrer mesmo depois de realizadas algumas correções.
– Os projetos foram refeitos, bem como os orçamentos apresentados até então, para que a obra pudesse tomar curso normal de execução.
– Em 2017, os trabalhos foram retomados; e em dezembro de 2018, a obra chegou a ser inaugurada pela gestão estadual anterior, quando contava com apenas 50,1% dos serviços concluídos, não estando apta para funcionamento.
– O atual Governo equacionou o problema, realizou uma força tarefa envolvendo SIN, SETUR, FJA, Vice-Governadoria, GAC, PGE, SET, SPU para destravar os problemas. As parcelas relativas ao reajustamento foram pagas garantindo a conclusão do Complexo Cultural da Rampa este ano.
DADOS HISTÓRICOS
– O prédio original da Rampa foi construído em 1930, inclusive com o declive para a atracagem de hidroaviões, e serviu como base para as operações das companhias aéreas Pan American, Pan Air do Brasil e Lufthansa.
– A proximidade de Natal com a África, fazia da cidade um excelente ponto de entreposto para os aviões.
– Durante a Segunda Guerra Mundial, ocorreu no local a Conferência do Potengi, com o histórico encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, e o presidente do Brasil, Getúlio Vargas, marcando a entrada do Brasil no conflito e tornando a Rampa uma base para hidroaviões até 1944. O encontro foi registrado em fotografia com os dois presidentes em um jipe.