O brincar como meio de reabilitação

Cinthia Moreno – Fisioterapeuta Casa Durval Paiva – CREFITO 83476-F

O câncer é uma doença que gera muitas mudanças na vida de quem recebe o diagnóstico e também da sua família. Há uma ruptura na rotina, que muda totalmente, com consultas regulares e frequentes, exames laboratoriais e de imagem, procedimentos, hospitalização e tratamento agressivo. Quando se mora no interior e o tratamento é realizado na capital, acarreta, também, o afastamento familiar, gerando um impacto adicional. Todos esses fatores podem causar estresse e, quando se trata de crianças, símbolo de vida e desenvolvimento, o medo da morte e das consequências da doença na vida da criança também causam estresse nos pais.

Acolher crianças que passam por esse tipo de tratamento é um desafio, pois existem vários fatores, que podem causar medo, sofrimento e estresse, deixando a criança muito irritada ou retraída, sem o desejo de interagir.

Uma das formas de minimizar o sofrimento é buscar de forma específica, considerando as características individuais de cada criança, estratégias para brincar. Brincar faz parte do desenvolvimento da criança. Brincar e se divertir é um direito da criança. Brincar estreita os vínculos entre o fisioterapeuta e a criança.

Através de uma boa comunicação e de brincadeiras ou uso de brinquedos, é possível não só criar vínculos com a criança, mas realizar uma conduta terapêutica que faz sentido, com atividades que fazem parte do contexto de vida da criança.

Assim é possível reduzir o desconforto, medo e ansiedade relacionados ao tratamento. Há também melhora no humor, tanto durante como depois do atendimento terapêutico. Brincar ainda melhora a adesão ao tratamento, já que a criança sabe que vai se divertir, se distrair.

Também é importante adaptar as brincadeiras, que a criança gosta, à sua nova condição, caso ela tenha alterações decorrentes de cirurgias ou algum tipo de restrição relacionada ao tratamento. O equilíbrio entre o estímulo e diversão, com o risco de lesão ou qualquer complicação, deve ser respeitado e a criança deve ser orientada de uma forma que compreenda e colabore.

Resgatar as brincadeiras favoritas, apresentar coisas novas e incluí-las nos procedimentos da reabilitação, melhora a qualidade de vida durante o tratamento e promove bem estar. Brincar é fundamental!