O covidão do Safadão

Ainda estou me perguntando quem foi o responsável por autorizar 4 mil pessoas no show de Wesley Safadão na Arena das Dunas no última dia 21 de novembro, em plena pandemia e com a possibilidade de uma segunda onda de COVID-19? Ou o Safadão tem a cura para o coronavírus? Ou a Destaque Produções tinha uma vacina primeiro que os chineses e americanos? Ou a Arena das Dunas disponibilizou testes para todos que estavam lá? Ou o mais provável: a Prefeitura de Natal autorizou essa “ruma de gente” aglomerando em um show porque distribuiu ivermectina para todos? E ninguém vai pegar Covid?

Gostaria que fosse verdade meu exercício de “lacração”. Mas nada acima é factível ou tem comprovação científica para deter a contaminação. E o pior: pelos vídeos postados em redes sociais, sequer as medidas de distanciamento foram seguidas. Isolado só estava o cantor no palco e distante da multidão que cantava e bebia sem máscara. Vale ressaltar que quando o show foi anunciado, os organizadores informaram que a circulação do público pelo ambiente seria proibida e que o uso da máscara seria obrigatório.

Numa rede social alguém postou que uma pessoa com Covid-19 numa cidade do interior se “desembestou” para Natal e foi para o show. Não duvido. Safadão atrai multidões e muitos jovens, dos quais sabemos, costumam se contaminar e serem assintomáticos. O que não significa que não possam transmitir o vírus que já matou 170 mil brasileiros. E agora parece estar voltando com força. Segundo os pesquisadores do Imperial College, a taxa de transmissão no Brasil já alcançou a média de 1 para 1,30, ou seja, cada 100 pessoas com COVID-19 transmitem para 130. 

Agora é aguardar mais alguns dias para ter certeza que ninguém pagou de R$ 600,00 a 1000,00 (valor da mesa para 4 pessoas) para pegar o covidão do Safadão. Tomara que não!

O cantor deu uma declaração em sua rede social Instagram, após o show, em que diz: “A sensação foi indescritível. Depois de quase 11 meses sem fazer aquilo que eu mais amo, foram 5 horas de entrega, onde o melhor de mim deu lugar à minha emoção. Obrigado meu Deus e que tudo possa voltar ao normal. E parafraseando Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, “ SAUDADE, O MEU REMÉDIO É CANTAR “ apenas isso!!”Obrigado a todos, esse show vai ficar marcado pra sempre na minha vida””. 

Olha, Safadão, indescritível mesmo deve ser a sensação de uma pessoa em um hospital sem conseguir respirar devido à Covid-19. Quando você, Safadão, canta no show “Saudade, o meu remédio é cantar”, do mestre Luiz Gonzaga, mas saudade mesmo é de quem perdeu a vida para o vírus. E não tem saudade no mundo que faça alguém esquecer essa dor.