Ah, meu Rio Grande do Norte… essa porção duna e céu do Brasil onde o calor é seco, mas a política, essa sim, escorre em suor e tensão. Agora, a nova novela (e quase remake) é a eleição para o Senado. Dois tronos dourados, duas cadeiras de poder, dois votos. Mas o enredo é mais tortuoso que as dunas de Genipabu ao entardecer.
De um lado, Styvenson Valentim (PSDB), o ex-capitão, agora gladiador do moralismo. Vestido com a armadura da direita dura, fala grosso com o mundo e fino com os algoritmos. Lidera as pesquisas, claro. O eleitor cansado da política de sempre vê nele um cavalo branco… talvez sem sela, talvez sem freio. Mas um cavalo, ao menos.
Do outro lado do ringue ideológico, a petista Fátima Bezerra (PT), governadora, professora, guerreira vermelha. Representa a esquerda que resiste — ora com flores, ora com foices. Tem voto fiel, tem militância, tem discurso. Mas carrega também o peso de um país em surto de polarização: o “nós contra eles” virou mantra de campanha e maldição de urna.
E no meio desse fogo cruzado, surge Zenaide Maia (PSD). Ah, Zenaide… mulher de gestos serenos, mas olhos atentos. Senadora em exercício, discreta no barulho, mas eficiente nos bastidores. Não lidera nas pesquisas, não grita nas redes, mas dança com leveza entre os extremos. É de centro-direita, sim, mas agrada à esquerda com mais habilidade do que muito socialista de palco. O PT a vê como parceira possível, o eleitor de Styvenson a enxerga como uma segunda opção e um voto que não trai. Eis o segredo: o segundo voto.
Porque nessa eleição para o Senado, não basta ser o mais amado. É preciso ser o segundo preferido. E aí, meu caro, o jogo vira. O voto que não vai pra Fátima nem pra Styvenson, talvez vá pra ela. Porque o eleitor não quer dar dois tiros no mesmo alvo. Quer equilíbrio, quer contrapeso. E Zenaide, com sua costura fina, pode ser o ponto de encontro entre dois Brasis e dois RNs que se odeiam — mas têm que conviver.
A eleição no RN não será decidida só por paixões ideológicas. Será decidida por cálculos silenciosos, por apostas cruzadas, por corações divididos. O voto útil, agora, é o voto possível. E nesse campo minado, quem sabe a senadora sem barulho não saia com um segundo mandato e um sorriso de quem entendeu o jogo antes de todos?
Porque no fim das contas, meu amigo, a política é como o amor: nem sempre vence o mais bonito, mas o que sabe se encaixar melhor na solidão do outro.