OAB: Espetáculo de Eleições e o Labirinto da Transparência

Ah, as eleições na Ordem dos Advogados do Brasil, esse espetáculo quase teatral que nos lembra uma dessas grandes odisseias gregas, cheias de intrigas, interesses e reviravoltas. A OAB, essa instituição quase centenária, que deveria ser um bastião de moralidade e transparência, parece ter se perdido em meio às suas próprias regras e falta de clareza.

Comecemos pelo começo, logo após a Independência do Brasil, quando as sementes da Ordem foram plantadas. Uma entidade destinada a defender a Constituição, os direitos humanos e a justiça social. Porém, parece que aqui, no Rio Grande do Norte, a transparência virou um mito, como uma daquelas histórias que contávamos ao pé da fogueira, cheia de promessas e vazia de realizações.

Os números são impressionantes. Com mais de 16 mil advogados apenas no RN, e uma anuidade que não é nada modesta, os cofres da OAB deveriam transbordar de recursos. Mas, como num passe de mágica, os detalhes sobre essas cifras desaparecem. Há uma área destinada à transparência no site da OAB, mas ela parece mais uma cortina de fumaça do que uma janela aberta. E quando a demanda por informações chega à assessoria de imprensa, é como se falássemos com o oráculo: respostas vagas, promessas de encaminhamentos, e mais silêncio do que palavras.

Mas, ah, as eleições! Elas têm um poder curioso de fazer as coisas acontecerem. De repente, documentos aparecem, ainda que sem o detalhamento necessário. É como se a própria Themis, a deusa da justiça, ordenasse que aqueles que estão no Olimpo da OAB descessem para falar com os advogados mortais. E, claro, as campanhas são um espetáculo à parte. Superproduções dignas de Hollywood, com direito a eventos faraônicos, promessas e aquele entusiasmo quase palpável no ar.

Eis que me vejo, agora como jovem advogado, prestes a votar pela primeira vez nessas eleições da OAB. Não posso deixar de observar a ironia: uma instituição que deveria representar seus membros, mas que parece mais preocupada com os jogos de poder e os números. Pergunto-me, como Sêneca, se alguém sem moral pode de fato ter direitos.

As campanhas estão em pleno vapor. De um lado, temos o candidato apoiado pelo atual presidente Aldo Medeiros, com sua produção grandiosa digna de Oscar; do outro, Rossana Fonseca, investindo pesado em mídia com blogues, jornais, etc . E, por fim, Fernandes Braga, o mais modesto, tentando um caminho diferente, mais próximo dos advogados. Ele vai até eles na contramão dos candidatos poderosos que preferem grandes eventos ou exposição na mídia. Braga também defende o debate, enquanto os outros dois evitam a todo custo. Mas, onde está a moral quando candidatos não aceitam debater, mas anseiam por liderar?

Em suma, a eleição da OAB deveria ser sobre transparência e moralidade. Deveria. Mas, até agora, essas virtudes parecem tão escassas quanto a água no deserto. Resta-nos esperar que, em meio a esse teatro, possamos encontrar um caminho que nos leve de volta aos ideais pelos quais a OAB foi criada. Que OAB do RN possa representar os advogados e não uma casta dentro da advocacia.