Agora em 2022, uma das trocas de ideias mais extraordinárias da história completa nove décadas. Foi em 1932 que, numa iniciativa da Comissão Permanente de Letras e Artes da Liga das Nações (órgão que viria a ser substituído pela ONU em 1945), Albert Einstein foi convidado a debater, por carta, com um interlocutor que ele escolhesse, sobre algum tema de interesse geral do planeta.
O físico então quis tratar das razões psicológicas que levam os países a conflitos armados. E, se o assunto passava por motivações da mente humana, passava também, na época, por Sigmund Freud – que, com mais de 70 anos, já era considerado um gigante do pensamento moderno. A psicanálise havia conquistado o mundo desde que o homem dos charutos realizou, em 1909, uma série de palestras nos Estados Unidos, onde suas teorias do inconsciente e a psicoterapia que inventou viraram uma febre.
Juntar dois dos maiores gênios do século 20 para procurar caminhos que evitassem novas matanças entre países rivais fazia todo o sentido naquele período – pois o planeta estava em ebulição.
A Primeira Guerra havia terminado só 14 anos antes, deixando 10 milhões de mortos e uma Alemanha derrotada e humilhada, ansiosa por ouvir discursos populistas que prometessem romper com as restrições do Tratado de Versalhes: pelo acordo imposto, os alemães tiveram de ceder parte de seu território, ficou proibida de possuir Marinha e Força Aérea (com um Exército restrito, quase simbólico) e ainda foi obrigada a pagar uma fortuna de indenização por conta dos prejuízos causados pela guerra. Hitler não surgiu do nada, portanto. Naquele mesmo 1932, o Partido Nazista elegeria 230 deputados e se tornaria o segundo com maior representação no Parlamento.
Fonte: Revista Superinteressante