Pegadas de 21 mil anos questionam teoria de chegada dos humanos à América

Rússia e Estados Unidos já estiveram conectados no passado. Você provavelmente conhece a pontinha que aproxima o oeste do Alasca ao leste da Sibéria como Estreito de Bering – famoso por ser o caminho que os humanos usaram para atravessar da Ásia à América.

Na verdade, o que existia ali era uma massa de terra de 1,6 milhão de km², conhecida pelos geólogos como Beríngia. Ela aparece nos períodos glaciais, quando o nível do mar diminui (porque boa parte da água está congelada), revelando o continente submerso. A região foi habitada durante 10 mil anos, com gerações de pessoas nascendo e morrendo lá. A última era do gelo terminou há 11,5 mil anos – e a Beríngia voltou para debaixo d’água.

Essa contextualização é importante para entender uma pesquisa recente publicada no periódico Science, que pode mudar a forma como entendemos o povoamento das Américas. Trata-se da datação de pegadas humanas fossilizadas encontradas no parque nacional White Sands, no Novo México (EUA). Segundo o artigo, as pegadas têm entre 21 mil e 23 mil anos.

As pegadas foram encontradas e datadas pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos em 2021, já causando um rebuliço na comunidade científica. É que a teoria migratória mais aceita diz que os humanos se estabeleceram na América do Norte há 13 mil anos – mas a nova descoberta mostra que já havia pessoas por lá pelo menos 8 mil anos antes.

Seria difícil entrar na América muito antes disso porque existia uma geleira enorme cobrindo o Canadá e norte dos Estados Unidos, impossibilitando a passagem dos humanos. Essa geleira só começou a derreter 18 mil anos atrás – e foi quando nossos ancestrais deram no pé e entraram na América.

Fonte: Revista Superinteressante