Pesquisa da Abrasel mostra que bares e restaurantes enfrentam dificuldade para se recuperar

A pesquisa revelou que o número de empresas que registraram prejuízo em janeiro teve um crescimento de 4 pontos percentuais em relação ao resultado de dezembro, sendo ele 16%. Outros 43% ficaram em estabilidade (mesmo número da última pesquisa) e 40% trabalharam com lucro (queda de 4 pontos).

Além disso, a pesquisa revelou que 52% das empresas não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação (que foi de 5,77% no período), sendo que 29% fizeram reajustes abaixo do índice e 22% não conseguiram fazer reajuste algum. Outros 37% aumentaram conforme a média e apenas 12% aumentaram o cardápio acima deste índice.

O presidente da Abrasel no RN, Paolo Passarielo, destaca a importância dos governos se atentarem para a piora do quadro, principalmente quanto às empresas que ainda sofrem os efeitos devastadores do período de restrições, com endividamento alto e pagamentos em atraso.

“Nossa pesquisa mostra dois problemas graves com muita clareza, a inflação e os empréstimos contraídos para sobrevivência dos negócios durante a pandemia. Os governos, estaduais e federal, precisam redobrar sua atenção na quantidade de empresas que estão devendo e sofrem até hoje com os efeitos do período de restrições, como endividamento alto e pagamentos em atraso. Mantendo a inflação controlada, principalmente dos gêneros alimentícios e baixando a taxa de juros atual, diminui os juros de empréstimos contraídos com taxas vinculadas a SELIC.“

A pesquisa ainda revelou que 64% das empresas têm hoje empréstimos bancários contratados. A inadimplência é de 30% entre os que tomaram dinheiro de linhas regulares e de 24% entre os que aderiram ao Pronampe (a média do programa no Brasil é de 5,2%).

Além disso, em média 10% do faturamento das empresas que têm empréstimos está empenhado em pagar as parcelas. Para um terço delas (33%), está acima deste patamar (31% têm entre 11% e 20% do faturamento empenhados, e para 2% o percentual está acima de 20%).

Violência contra a mulher

Por fim, a pesquisa também abordou o tema do assédio e violência contra mulheres nos estabelecimentos de alimentação fora do lar, um tema importante para a sociedade que voltou recentemente à baila com projetos de lei e decretos em estados e municípios. De acordo com a pesquisa, 83% dos estabelecimentos já implantaram ou pretendem implantar sinalização sobre canais de denúncia ao assédio contra mulheres – 10% já implantaram e 70% pretendem implantar em breve.

Outras medidas que têm ampla adesão são o treinamento dos funcionários para lidar com as situações de assédio/violência (79%) e protocolo para acionamento imediato de autoridades (79%). Entre as medidas consideradas menos viáveis estão vigilância especial em áreas isoladas ou com pouca iluminação (43% creem não ser viável para o estabelecimento) e espaço físico reservado para o acolhimento (53% não veem viabilidade na implantação em seu estabelecimento).