Pesquisador da UFRN investiga relação entre desinformação e eleições em doutorado

Vendo a realidade das pesquisas eleitorais no Brasil e a participação das universidades, o pesquisador Breno Nunes, formado em Jornalismo pela UFRN, destacou a importância da criação de um órgão para monitoramento de pesquisas eleitorais em sua proposta para a Superintendência de Comunicação (Comunica). Enviada como sugestão para a unidade da Universidade, agora a proposta toma um novo passo, graças ao projeto de doutorado em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), submetido à instituição em 24 de junho.

Chamado de Centro de Observações, Opinião Pública, Estudos, Relatórios e Avaliações (Coopera), vinculado à Comunica/UFRN, a unidade da proposta visa criar uma visão geral acerca de pesquisas durante as disputas das eleições, tanto estatística quanto social, dispondo também de dados de pesquisas realizadas no RN. 

Em seu projeto de pesquisa para pós-graduação, o campo de análise foca em como algumas das pesquisas eleitorais, realizadas entre 2021 e 2022, tiveram um papel de desinformação durante os pleitos. Isto é, a depender de como as pesquisas são financiadas, elas podem gerar resultados que não têm tanto valor para representar as disputas. 

“[…] A tarefa [deve] ficar a cargo de um organismo isento e de credibilidade, a exemplo do que ocorre nos EUA, onde os levantamentos são realizados por universidades públicas em parceria com veículos de mídia”, explica o pesquisador sobre a função de realização de pesquisas durante as eleições. 

Durante o levantamento para a pesquisa, Bruno checou que houve sondagens que não eram isentas de algum viés, o que poderia aumentar a desinformação sobre o pleito. Foto: TSE/Reprodução

O cenário no Brasil na atuação de instituições de ensino que participam de pesquisas eleitorais é bem reduzido, já que das 101 universidades públicas credenciadas junto ao Ministério da Educação (MEC), apenas duas — Centro de Estudos e Opinião Pública (Cesop) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Verbena da Universidade Federal de Goiás (UFG) — trabalham com pesquisas eleitorais. 

Assim como todas as pesquisas e institutos responsáveis pela realização de sondagens eleitorais, o Coopera teria uma conexão com a Justiça Eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso iria levar a uma maior segurança sobre as atividades da unidade. “Penso que o intercâmbio entre universidade e justiça eleitoral seja essencial para garantir a lisura e a imparcialidade que o Coopera se propõe”, afirma Breno.

“Do conjunto de cerca de 80 pesquisas avaliadas pelo trabalho, no recorte temporal de 2021 a 2022, verificou-se que em parte significativa delas a amostra não respeitava as proporções reais de sexo, idade, escolaridade, renda”, atenta o pesquisador. Durante o trabalho, que levou à proposta e ao embasamento do seu doutorado, houve registros de pesquisas que continham desde questões enviesadas até percentuais de intenção de votos limitados.

Logo, o conjunto de sondagens que tinham menos rigidez técnica, entre outros defeitos, gerou um quadro de desinformação. “Tudo isso causou como consequência inequívoca a influência direta da decisão do voto de parcela significativa do eleitorado, sobretudo naquela conhecida como eleitor pendular”, explica. 

Futuramente, Bruno inicia seus estudos presencialmente na UFSC a partir de 2025. Agora, o pesquisador está cursando as disciplinas remotas do doutorado, ficando no seu estado de origem, RN. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial