A discussão acerca do trabalho doméstico não remunerado tem sido tema de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Demografia da UFRN, principalmente pela docente e pesquisadora Jordana Cristina de Jesus. Isso porque as mudanças demográficas e sociais estão colocando, há algum tempo, essas questões em xeque. No ano passado, o Governo Federal criou uma Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família e uma agenda para o estabelecimento de uma Política Nacional de Cuidados.
Na próxima semana, entre os dias 12 e 15 de junho, Jordana participará do Congresso da Associação de Estudos da América Latina (LASA2024), em Bogotá, Colômbia. Ela irá apresentar alguns dos resultados que mostram as desigualdades de gênero e de raça no trabalho doméstico não remunerado no Brasil. O estudo afirma que essas desigualdades são sistêmicas e, na maior parte das vezes, invisíveis.
Segundo Jordana, “os resultados mostram que uma em cada três mulheres negras transfere mais de 20 horas por semana para sua família”. Significa dizer, portanto, que o mais comum entre as mulheres negras é comprometer mais de 20 horas da semana cuidando da família. Por outro lado, entre as mulheres brancas, o mais comum é uma transferência de zero a 10 horas.
Esses dados mostram que, se as mulheres têm uma sobrecarga de trabalho não remunerado comparadas com os homens, as mulheres negras são ainda mais sobrecarregadas. Logo, há um impacto desproporcional sobre a carga de trabalho não remunerado sobre as mulheres negras se comparado a outros grupos populacionais e, sem políticas públicas adequadas, essas diferenças tendem a se agravar e perpetuar injustiças sociais.
Jordana apresenta a pesquisa no dia 15 de junho na sessão Gender, Work, and Families in Latin America: Intersecting Perspectives in a Time of Uncertainty. Isso acontece dentro da programação do evento, que tem como tema geral Reação e Resistência: imaginar futuros possíveis nas Américas.