Estima-se que cerca de 3% das pessoas no Reino Unido enfrentam a Covid longa – sintomas persistentes e duradouros após uma infecção por Covid-19. A Covid longa engloba uma variedade de problemas de saúde que podem começar mesmo após uma infecção por Covid-19 leve. Alguns desses sintomas incluem fadiga extrema, falta de ar, dores musculares e perda do olfato.
Para cerca de 50% dos pacientes com Covid longa, seus sintomas também se enquadram nos critérios para um diagnóstico de encefalomielite miálgica (EM), ou síndrome da fadiga crônica, uma doença neuroimune caracterizada por falta de energia, fraqueza e dor muscular, disfunção cognitiva e disautonomia (ou disfunção autonômica), que afeta a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Uma característica fundamental da EM é a “mal-estar pós-esforço” (PEM, na sigla em inglês para “post-exertional malaise”). Isso se refere a uma piora dos sintomas que ocorre cerca de 24 a 48 horas após qualquer forma de esforço – seja físico, cognitivo ou emocional. A PEM pode levar dias ou semanas para diminuir.
A PEM continua sendo uma das características mais debilitantes, mas menos compreendidas, tanto da EM quanto da Covid longa. No entanto, uma nova pesquisa pode apontar uma explicação provável para o motivo pelo qual a atividade física em particular piora os sintomas da Covid longa. O estudo descobriu que pessoas com Covid longa apresentam alterações na estrutura muscular.
Para conduzir seu estudo, os pesquisadores analisaram biópsias musculares e amostras de plasma sanguíneo de 25 pessoas com Covid longa e 21 pessoas que tiveram Covid-19, mas não apresentaram um quadro prolongado. Os participantes de ambos os grupos tinham, em média, 41 anos. Houve uma divisão de 48% a 52% entre homens e mulheres.
As amostras de sangue e músculo foram coletadas antes e depois de um teste controlado de ciclismo. Os participantes pedalaram por aproximadamente 15 minutos, começando devagar e aumentando gradualmente a intensidade.
Durante o teste de ciclismo, aqueles com Covid longa apresentaram menor força muscular e menor absorção de oxigênio em comparação com os participantes saudáveis – apesar de colocarem a mesma quantidade de esforço. Esses resultados ecoam as descobertas de estudos anteriores, sugerindo que as pessoas com Covid longa têm capacidade de exercício significativamente reduzida.
Quando os pesquisadores analisaram as amostras musculares dos participantes, descobriram que aqueles com Covid longa tinham uma maior proporção de fibras musculares glicolíticas de contração rápida. Essas fibras musculares podem trabalhar com alta intensidade em “erupções” curtas; porém, são altamente fadigáveis, porque têm menos mitocôndrias (organelas que fornecem às células a energia de que precisam para funcionar corretamente).
Os pesquisadores realizaram testes adicionais nas mitocôndrias dessas fibras. Eles descobriram que o exercício reduzia a função mitocondrial nos portadores de Covid longa – indicando que, além de terem uma capacidade reduzida para o exercício, seus tecidos musculares haviam sofrido danos durante o teste de exercício.
Testes em moléculas no músculo e plasma também revelaram que pessoas com Covid longa tinham níveis mais baixos de moléculas vitais necessárias para a glicólise, o processo que as mitocôndrias usam para fornecer energia às células.
Fonte: Revista Galileu