Predadores sexuais se disfarçam de coaches de emagrecimento nas redes sociais

Postagens sobre perda de peso e distúrbios alimentares estão se tornando a nova arma dos predadores sexuais nas redes sociais, com foco, principalmente, em adolescentes. Os criminosos utilizam hashtags voltadas a desafios ou a busca por um corpo mais magro para oferecem conselhos ou dicas “extremas” sobre emagrecimento, sempre em troca de imagens íntimas para suposta análise.

A denúncia foi feita pelo site The Next Web, que encontrou casos em plataformas como Twitter, Tumblr, TikTok e Kik. Em todos os casos, os contatos dos predatores sexuais acontecem por meio de mensagens diretas e, em muitos deles, há um claro aproveitamento dos distúrbios alimentares, assim como do teor pesado de muitas das postagens, para oferecimento de supostos conselhos de emagrecimento.

O campo é fértil para os abusadores, em meio a problemas de autoestima, socialização ou uma saúde mental prejudicada pela pandemia e a busca por um corpo como aquele de influenciadoras e celebridades. A busca por um ideal de corpo magro, já constantemente comentada em estudos de sociologia que levam em conta as redes sociais e seu impacto sobre os jovens, aqui, se torna armas para pedofilia, extorsão e até tráfico de pessoas.

De acordo com a reportagens, os abusadores utilizam hashtags relacionadas à perda de peso ou distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia, além daquelas referentes a ideais como ossos sob a pele ou um espaço entre as coxas. A oferta inicial é de suporte emocional e dicas de exercícios e dietas, com o pedido por imagens íntimas, nas quais a adolescente precisa estar nua ou em trajes sumários, não demorando a aparecer.

São os chamados “anacoaches”, uma corruptela que já inclui uma referência direta a um distúrbio alimentar visto, muitas vezes, como ideal de magreza por jovens em situação de vulnerabilidade. Os contatos incluem supostos exemplos de sucesso de outras aconselhadas, bem como alternativas agressivas, com regras rígidas e grandes restrições alimentares, além de humilhações.

De acordo com a reportagem, a resposta das redes sociais é ineficaz para combater o problema. Plataformas como TikTok e Pinterest, por exemplo, não exibem mais hashtags e palavras relacionadas aos distúrbios alimentares, além de afirmarem que não permitem a publicação de conteúdo que promova ou glorifique tais situações, indicando os usuários que realizam pesquisas relacionadas a centros de acolhimento e apoio certificados.

Além disso, nos dois casos e também para o Twitter, usuários que forem denunciados como responsáveis por tentativas de abuso a menores de idade serão banidos sumariamente. Entretanto, para que isso aconteça, principalmente quando o assédio aparece em mensagens diretas, é preciso que os perfis sejam denunciados, algo que normalmente acontece depois que o mal já está feito.

Fonte: Canal Tech