As preguiças estão entre os mamíferos mais representativos da fauna nativa da América do Sul. Alimentando-se principalmente de folhas, seu metabolismo é lento para dar conta de digerir uma dieta tão rica em fibras. As preguiças de hoje passam a maior parte de suas vidas suspensas de cabeça para baixo e se movendo languidamente pelas copas das árvores. Mas não foi sempre assim.
“Se pudéssemos voltar no tempo, encontraríamos muitas espécies de grande porte vagando pelas Américas, algumas com peso ultrapassando várias toneladas”, explica um grupo de pesquisadores de vários países que acaba de investigar os fatores por trás da ascensão e queda das preguiças-gigantes.
Publicado no periódico Science, o trabalho relata que essa diversidade de tamanho corporal foi em grande parte moldada pelas mudanças climáticas, e que à medida que os humanos se espalhavam pelas Américas, as espécies foram sumindo do continente. As habitantes de ilhas – como as preguiças do Caribe – sucumbiram mais tarde.
“As preguiças tiveram uma grande disparidade de formas e adaptações, sobreviveram a máximos climáticos, ao surgimento dos Andes. Foram muitos percalços para, mais recentemente, vermos a diminuição abrupta da diversidade que acontece concomitantemente com a chegada do ser humano ao continente”, afirma Daniel Casali ao Jornal da USP. O pesquisador no Laboratório de Paleontologia (PaleoLab) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP é um dos autores do artigo científico.
Para os pesquisadores, as preguiças terrestres foram um dos resultados evolutivos mais icônicos do isolamento geográfico da América do Sul, que permaneceu separada de outros continentes por mais de 50 milhões de anos.