Apesar de o cenário atual da economia brasileira apontar para uma desaceleração do crescimento do PIB, que converge atualmente para o intervalo de 0,8% a 1%, das pressões nos custos de produção ainda presentes e das incertezas em relação à economia mundial, as perspectivas para a indústria de alimentos em 2023 permanecem positivas. A produção e as vendas reais devem aumentar entre 1,5% e 2%, segundo projeções da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). As vendas no mercado interno têm perspectivas de incremento moderado, com destaque para o food service.
Em 2022, a indústria de alimentos do Brasil encerrou o ano com faturamento de R$ 1,075 trilhão, superando em 16,6% o apurado no ano anterior. No mercado interno, as vendas chegaram a R$ 770,9 bilhões, 14,3% a mais em termos nominais (não deflacionados) que em 2021. As vendas reais totais (descontada a inflação), considerando mercado interno e exportações, expandiram 3,7%, e a produção física teve um incremento de 2,5%. As exportações cresceram 30% em valor, com faturamento de R$ 304,4 bilhões.
Para este ano, as exportações de alimentos industrializados também seguem com cenário mais desafiador, diante da redução do crescimento projetado para a economia mundial, segundo recente avaliação do FMI, de 2,9%, ante + 3,4% em outubro.
Entre os fatores de estímulo estão o horizonte de manutenção da taxa de câmbio (R$/US$), e da expansão das economias da China, em processo de flexibilização das restrições à circulação de pessoas, e da Índia, estimulada pelos investimentos em infraestrutura, com projeções de expansão mais elevadas, de 5,2% e 6,1%, respectivamente, segundo o FMI.
Do lado da oferta, a entrada da nova safra de grãos, a partir de fevereiro de 2023 – se confirmadas as projeções de expansão do volume de produção pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), de até 14,5%, mesmo com possíveis perdas de produtividade provocadas pela estiagem decorrentes do fenômeno La Niña, em algumas regiões do Sul do país -, é um importante fator de melhoria na disponibilidade de matérias-primas e de redução nas pressões sobre os custos de produção, movimento que também está alinhado à tendência de acomodação dos preços de commodities agrícolas no mercado internacional em 2023.