O professor Bruno Tomio Goto, do Departamento de Botânica e Zoologia da UFRN, irá coordenar uma pesquisa na Amazônia que visa comparar a presença de Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMAs) em áreas nativas e degradadas ao sul da floresta. Este projeto será desenvolvido ao longo de um ano, com início já agora em setembro e estendendo-se até agosto de 2024. Por meio da pesquisa, espera-se detalhar quais as consequências da degradação nas propriedades do solo entre áreas impactadas e nativas da Amazônia.
A pesquisa será desenvolvida no Parque Estadual do Cristalino, localizado numa área de 184.900 hectares que engloba os municípios de Novo Mundo e Alta Floresta, no estado de Mato Grosso, no Centro-Oeste do Brasil. O parque está numa espécie de fronteira entre os biomas floresta amazônica e cerrado. Adjacentes às áreas protegidas, existem áreas degradadas resultantes da mineração, do desmatamento, agricultura e pecuária, que representam uma ameaça significativa para a vegetação nativa da região.
A proximidade entre áreas nativas e degradadas permitirá a coleta de amostra de solos para a realização de comparações acerca da presença de FMAs nestes terrenos. Os FMAs são um tipo de fungo que forma uma ligação com a maioria das plantas terrestres. Essa relação é chamada de micorriza, que é uma associação mutualística na qual tanto o fungo quanto a planta se beneficiam. Os solos amazônicos são pobres em nutrientes, sendo vital a presença de FMAs para a preservação da floresta.
O estudo pretende confirmar se as áreas nativas apresentam maior riqueza de espécies de FMA, tanto no solo quanto na serapilheira. Além disso, espera-se reconhecer, utilizando ferramentas genéticas, quais espécies de fungo são capazes de colonizar as folhas na Amazônia.
Além do professor Bruno, participa da pesquisa a aluna de pós-graduação Mariana Bessa de Queiroz, do Programa de Pós-graduação em Sistemática e Evolução, do Centro de Biociências da UFRN. Francisco Adriano de Souza, da Embrapa Milho e Sorgo, André Cabral Monteiro de Azevedo Santiago, da Universidade Federal de Pernambuco, e Vagner Goulart Cortez, da Universidade Federal do Paraná, também compõem o quadro de colaboradores do estudo. O projeto é financiado pela ONG SPUN (Society of Protection of Underground Network).
“Entender a riqueza do solo e serrapilheira é a chave para entendermos as dinâmicas do solo e, assim, obter isolados que tenham potencial para aplicação tanto na recuperação de áreas impactadas como também na melhoria de solos utilizados em sistemas agrícolas”, destaca Goto. O projeto permitirá mostrar uma pequena parcela da riqueza desses fungos do solo. Porém, essa pequena fração pode revelar grande riqueza, inclusive de organismos ainda desconhecidos para a ciência.