A pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Regina Simon da Silva, iniciou este mês uma campanha de arrecadação de recursos para lançar o primeiro romance abolicionista ambientado no Brasil. O livro, “A Família do Comendador” de Juana Manso, publicado pela editora latinoamericana “Pinard”, conta com tradução coordenada pela professora Regina, no âmbito de um projeto de pesquisa universitário que tem como objetivo estudar a produção de Juana Manso (1819-1875), considerada até hoje uma das mulheres latino-americanas mais emblemáticas do século XIX.
Participam da tradução Miriam Cristine da Costa Souza, Luma Virgínia de Souza Medeiros e Maraysa Araújo Silva, alunas da UFRN e participantes do grupo de pesquisa. O design do livro é realizado pela Gabriela Heberle, formada em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em Design Gráfico pelo Senac/RS.
A ESCRITORA E O LIVRO
Juana Manso (1819-1875) é considerada até hoje uma das mulheres latino-americanas mais emblemáticas do século XIX. Nascida na Argentina, foi escritora, poeta, tradutora, jornalista, educadora e “precursora” do feminismo não só em seu país de origem como também no Uruguai e no Brasil. Contrária ao governo militar argentino de Juan Manuel de Rosas (1793-1877), sofreu perseguição política e acabou se exilando no Rio de Janeiro em 1842 e lá permanece até 1853, data em que o governo de Rosas é, enfim, derrubado na Argentina.
Enquanto esteve no Brasil, publicou o romance histórico “Misterios del Plata” (1852) e iniciou “La familia del comendador”, o primeiro romance abolicionista ambientado no Brasil, que foi concluído na Argentina em 1854. “Úrsula”, obra-prima de Maria Firmina dos Reis, foi publicada cinco anos depois, mas é, ainda, a primeira obra abolicionista de autoria brasileira.
A primeira versão desse romance começou a ser escrito em português e publicado no jornal “A Imprensa”, revista voltada para mulheres criada em 1852 da qual Juana Manso foi uma das fundadoras. Por causa da sua volta à Argentina, esse texto ficou sem conclusão e a escritora recomeçou a obra em espanhol, com diferenças cruciais na história, que resultou no livro que a Pinard traduz para o português e publica pela primeira vez no Brasil.
A HISTÓRIA
O romance narra a história da rica família do comendador Gabriel das Neves, regida pela mão-de-ferro de sua mãe, Maria das Neves, e por sua ambiciosa esposa, dona Carolina, com quem teve três filhos – Pedro, Gabriela e Mariquita – cujo destinos foram traçados segundo o interesse da avó.
A situação familiar se desestabiliza quando a matriarca decide que a neta Gabriela deve se casar com o tio Juan – que teve filho com uma das escravas e que acabou por enlouquecer de tanto ser espancado pela própria mãe por querer abolir a escravidão dentro de seu ambiente familiar. A jovem se revolta com a decisão da avó e foge, refugiando-se em um convento, fazendo com que cada um dos membros da família se mobilize, obrigando o acerto de contas do passado para que o futuro não se resulte na dissolução total dos Neves.
“A família do comendador” será publicada dentro da coleção “Prosa Latino-americana”, que já conta com títulos como “Dona Bárbara”, do venezuelano Rómulo Gallegos, e “O aniversário de Juan Ángel”, do uruguaio Mario Benedetti. Por isso, mantendo o padrão, a edição terá capa dura, texto de apoio que aprofunda a leitura da obra e o conhecimento sobre a autora e três ilustrações internas.
Apoiar uma campanha é super simples:
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