Professores e estudantes da UFRN fazem movimento para que disciplina de Espanhol permaneça na grade curricular do Ensino Médio

Os estudantes do curso de Espanhol da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão chamando a atenção da sociedade para um movimento chamado “Fica Espanhol”, para que a disciplina permaneça na grade curricular do Ensino Médio. Confira:

“A nova reforma do ensino médio trouxe a retirada de diversas matérias importantes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos estudantes de ensino médio de todo o país, entre elas, está o Espanhol. O Espanhol é a língua mais falada na América Latina, a terceira mais usada na Internet e a mais procurada no Enem, além de ser uma língua muito usada na publicação de material acadêmico. Dessa forma, é de suma importância sua presença na BNCC e a obrigatoriedade da matéria deve ser garantida por lei.

Por isso, o Movimento Fica Espanhol tem se propagado por todo o Brasil ratificando a importância do estudo linguístico e sócio-cultural do idioma. Assim, no dia de hoje (quarta, 22/03), às 19h, haverá uma reunião NACIONAL do Movimento! Pela reinserção da disciplina de língua espanhola nas escolas de todo País! Vamos participar desta luta!”

Confira trecho da carta que professores e alunos da UFRN escreveram para os deputados do RN:

No que diz respeito a questões legislativas, vale lembrar o nascimento do tratado para o livre-comércio Mercado Comum do Sul (Mercosul), em 1991, que favoreceu, em agosto de 2005, a assinatura no País da Lei 11.161, no governo Lula, com o Art. 1º, “o ensino da língua espanhola, de oferta obrigatória pela escola e de matrícula facultativa para o aluno, será implantado, gradativamente, nos currículos plenos do ensino médio”. Desse modo, na época, na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) foram feitas as alterações necessárias para contemplar a mencionada determinação. Porém, em 2016, essa lei foi revogada, sem avisos nem consultas a nenhuma das áreas envolvidas, pela Medida Provisória nº 746, no governo Temer, que posteriormente se transformou na Lei nº 13.415, de 2017, que revogou a Lei 11.161, de forma que a LDB, atualmente, no Art. 35-A, em seu 4º parágrafo, dispõe que:

“Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino.”

A partir disso, observou-se a diminuição do número de escolas regulares no Brasil que ofertam a língua espanhola, embora sua presença não fira as determinações federais atuais. A luta, pela oficialização do espanhol nas escolas, é nacional, tem acontecido em vários estados do País e o RN também se une a eles, uma vez que essa alteração legislativa, reiteramos, complementaria as determinações federais.


Finalmente, evidenciamos que a necessidade de aprendizagem da língua espanhola engloba interesses políticos e comerciais, mas vai além. Valorizamos o estudo do espanhol e de seu uso nas escolas, em práticas discursivas situadas social, histórica e culturalmente a fim de sensibilizar ao aluno sobre o conhecimento do outro e de suas práticas discursivas, uma vez que o entendimento das diferenças interculturais, como também das intraculturais, podem impactar as interações comunicativas. Nossa luta focaliza o acesso ao conhecimento, mais precisamente se relaciona ao acesso à educação básica no Brasil e aos direitos que dizem respeito ao desenvolvimento cultural e tecnológico, em que as instituições de ensino têm papel fundamental.”

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