De acordo com um estudo bioquímico da USP, o ora-pro-nóbis, a taioba e a serralha apresentam valor nutricional comparável ou até superior ao de vegetais de uso mais tradicional na alimentação, como o espinafre. Essas Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs) são ricas em minerais essenciais, como ferro, cobre, zinco, manganês, cálcio, magnésio, fósforo e potássio. Em termos de proteína, o ora-pro-nóbis e a taioba superam em quantidade o espinafre comum e o espinafre-da-nova-zelândia (Tetragonia expansa) – o mais consumido no Brasil. A taioba se destacou ainda mais, apresentando as maiores concentrações de minerais entre as plantas analisadas. O estudo também apontou que a composição mineral dessas plantas pode variar conforme o tipo de solo e as condições de cultivo.
A pesquisa, realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP e coordenada pelo professor Eduardo Purgatto, é de autoria do pós-doutorando Alexandre Minami Fioroto. O trabalho analisou Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs) cultivadas em diferentes regiões de São Paulo e Minas Gerais, tanto cruas quanto refogadas. Os resultados foram comparados com dados da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA) da USP e do FoodData, do Departamento de Agricultura dos EUA.
O ora-pro-nóbis, a taioba e a serralha são plantas rústicas que podem ser encontradas em diferentes regiões tropicais, pois elas se adaptam a vários tipos de solos, mas requerem bastante luminosidade. No Brasil, são encontradas principalmente nos estados da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dentre as diversas Pancs, ora-pro-nóbis, taioba e serralha foram escolhidos para realizar a pesquisa devido à sua crescente popularidade, explica Fioroto, o primeiro autor do artigo. “O ora-pro-nóbis ganhou destaque por seus benefícios à saúde e potencial nutricional, sendo facilmente encontrado em supermercados que vendem orgânicos”, diz.
De acordo com Eliana Bistriche Giuntini, do Centro de Pesquisas de Alimentos (FoRC) da USP, muitas plantas nativas brasileiras não fazem parte do grupo alimentar da população, em parte, pela falta de informações sobre sua composição nutricional.