Rio Grande do Norte abrirá caminho para uma das primeiras plantas no mundo para descarbonizar a aviação, segundo FIERN

Em meio a reatores, processos químicos e intercâmbio de conhecimentos entre diferentes instituições de pesquisa e inovação, o Rio Grande do Norte está desenvolvendo uma solução que abre caminho para uma das primeiras plantas do mundo instalada em um aeroporto para produção de querosene sustentável de aviação.

“Isso é muito inovador”, diz a diretora do projeto Combustíveis Alternativos sem Impactos Climáticos (ProQR), da Cooperação Alemã por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, Tina Ziegler. “O país tem tudo para realmente ser pioneiro internacional”, acrescenta nesta entrevista.

O projeto de produção de Combustível Sustentável de Aviação ganha corpo desde o final de 2021 no Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), sediado em Natal.

Os trabalhos são desenvolvidos por meio da parceria entre o SENAI e a GIZ, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e participação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os recursos são disponibilizados pelo Ministério Alemão da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ, sigla em alemão) através do projeto H2 Brasil.

O objetivo, segundo Tina, é chegar a um combustível sintético, capaz de reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte aéreo brasileiro, e também de ser uma possível solução global, com potencial de uso em outros países.

Produzir querosene sintético renovável, a partir da glicerina, é o objetivo da equipe de pesquisadores/as. A produção se dará por meio de um processo químico denominado rota Fischer-Tropsch e a ideia é obter um produto já certificado para o mercado da aviação. Como a produção é sustentável, a expectativa é que o novo combustível colabore com a redução das emissões de CO2 – um dos principais gases do efeito estufa – e com o alcance de metas ambientais do Brasil.

O projeto terá duração de dois anos, período em que pesquisadores e pesquisadoras também deverão estimar quando o produto poderá chegar ao mercado. A iniciativa receberá mais de R$ 4,5 milhões em investimentos até 2023 para obras de adaptação dos reatores e dos equipamentos já existentes na sede do Instituto SENAI.