“Salários Milionários: A Realidade dos Magistrados do TJRN em 2024”

Os dados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) revelaram informações alarmantes sobre os salários de seus magistrados em 2024. Com uma média de R$ 105 mil por mês, os gastos totais com salários ultrapassaram R$ 308 milhões. Essa quantia é comparável ao orçamento de grandes clubes de futebol da Série A do Campeonato Brasileiro.

Os salários dos juízes e desembargadores potiguares podem exceder R$ 1 milhão por ano, o que levanta questões sobre a transparência e a justificativa desses valores. Com a inclusão de “penduricalhos” e indenizações, alguns magistrados chegam a receber mais de R$ 250 mil mensalmente. Esses números contrastam com a realidade de muitas outras profissões no Brasil.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o TJRN registrou 1.714 pagamentos superiores a R$ 100 mil em 2024. Desses, 52 salários ultrapassaram R$ 200 mil, sendo o maior montante pago a uma juíza, que recebeu R$ 292.627,91 brutos em dezembro. Para efeito de comparação, esse valor é suficiente para pagar 60 professores com o novo piso da educação básica.

A folha salarial do Judiciário potiguar atingiu R$ 843,57 milhões em 2024, o maior valor registrado até agora. Isso representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores, com R$ 789,68 milhões em 2023 e R$ 667,74 milhões em 2022. Esses números evidenciam um crescimento contínuo nos gastos públicos com o Judiciário.

Embora os vencimentos dos magistrados estejam vinculados ao teto constitucional, que em 2024 foi de R$ 44.008,52, os valores recebidos pelos juízes do TJRN estão muito acima disso. Mesmo os desembargadores, que ocupam o cargo mais alto, tiveram uma média de R$ 80 mil, com pagamentos acima de R$ 100 mil registrados em 134 ocasiões. Essa disparidade gera polêmica e descontentamento na sociedade.

As indenizações e direitos eventuais também contribuem para o aumento nos salários dos magistrados. A gratificação por exercício cumulativo e as indenizações de férias são as principais formas de acréscimo. Em 2024, esses extras chegaram a R$ 200,8 milhões, o que levanta preocupações sobre a gestão financeira do TJRN.

O TJRN, em resposta às críticas, afirmou que os salários estão dentro das normas constitucionais e regulamentações do CNJ. O tribunal ressaltou que não possui autonomia para aumentar os vencimentos, que são definidos pelo STF. Além disso, as indenizações pagas são previamente submetidas à Corregedoria Nacional de Justiça.

Por fim, a ONG Transparência Brasil criticou o Projeto de Lei nº 2721/2021, que visa legalizar aumentos salariais para magistrados. Essa proposta, atualmente em análise no Senado, poderia intensificar a desigualdade salarial dentro do sistema de Justiça. A discussão sobre a transparência e a responsabilidade no uso de recursos públicos continua em pauta.