Foi o ódio ao PT que elegeu o presidente Bolsonaro. Não votaram nele. Votaram para derrotar o PT.
Como escreveu a jornalista Vera Magalhães em sua coluna no Jornal O Globo: “A eleição de 2018 se resolveu com o fígado. A de 2022, ao que tudo indica, será decidida pelo estômago. A realidade da fome ou da insegurança alimentar de milhões de brasileiros está posta à mesa do debate político. Isso explica mais que tudo a dianteira alcançada por Lula nas intenções de votos. E pode determinar o rumo do desgoverno de Jair Bolsonaro daqui por diante.”
Apesar dos escândalos de corrupção, ninguém pode tirar dos governos petistas (Lula e Dilma) os avanços sociais. De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura Familiar (FAO), entre os anos de 2002 e 2012, o Brasil reduziu em 82% a população em situação de subalimentação. Hoje, e no atual governo, mais de 116,8 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar ou passando fome no Brasil, segundo pesquisa feita em dezembro de 2020 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). O número, que é mais da metade do de brasileiros, engloba pessoas que não se alimentam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente.
Somando a esse grave problema temos o enfrentamento à pandemia que segue sem controle e já matou quase meio milhão de brasileiros sem a devida assistência que é atribuída à ineficácia das ações do Governo Federal. Tanto que o senado investiga as ações através de uma CPI da COVID-19.
Essa pressão já chegou ao presidente Jair Bolsonaro que tem se mostrado irritado. Ontem, 25, em sua tradicional parada no cercadinho em frente ao Palácio da Alvorada, não com os jornalistas, como de costume, mas com uma apoiadora que cobrava uma ação mais firme contra opositores, ele disparou. “Para quem não está contente comigo, tem Lula em 22”, disse o Bolsonaro.
Esse mau humor do presidente tem razão de ser. Para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ele vive seu pior momento político, enquanto o ex-presidente Lula está em seu melhor. Mesmo assim, Lira não vê espaço para uma terceira via no ano que vem.